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18/01/2020

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Não se admire o leitor de me ver discretear assim de cadeira sobre o assunto de tanta magnitude: eu também já me atirei às investigações históricas, tendo a fortuna de resolver, satisfatória e definitivamente, um dos mais árduos e capitais problemas da história moderna, a saber: onde foi que a George Sand «armou» pela primeira vez o marido. E não posso encarecer as canseiras, as vigílias, as meditações que me causaram as respectivas, inúmeras, indispensáveis pesquisas. Mas consegui, e para conhecimento universal aqui deixo consignado o fruto do meu labor. O facto deu-se no ano de 1825, dentro da gruta (depois milagrosa) de Lourdes.
E segundo me revelou uma vidente mística, muito relacionada com o céu, foi esse caso que deu origem ao aparecimento da Virgem. Eis o que ela me contou:
No clube dos arcanjos da pena amarela, o mais maledicente dos páramos celestes, esse acontecimento foi comentado tão ostensiva e desbragadamente que chegou aos ouvidos da Nossa Senhora, a qual lá tem sempre as suas espias, para saber o que murmuravam a seu respeito, pois que não a pouparam com dúvidas indecentes acerca da sua virgindade, quando ela deu entrada no Paraíso. Os pormenores do acto lúbrico, exagerados talvez pelos eróticos arcanjos, e as alusões à amenidade do sítio, inspiraram à Nossa Senhora desejos de o visitar, o que fez com certa dificuldade, graças à relutância do Padre Eterno em outorgar a indispensável licença. Tão agradada ficou do conforto e pitoresco da caverna que ali voltou várias vezes até se encontrar com a «beata Bernadeta»
O resto é sobejamente conhecido.
E aqui está como os carnais desvios da George Sand abriram para a França essa prodigiosa fonte de devoção espiritual e lucros materiais sem par no mundo.
Não há dúvida: Deus escreve direito por linhas tortas…”

M. Teixeira-Gomes, “2.ª Parte de Miscelânea – Carnaval Literário”, pp. 144-145, Livraria Bertrand, 3.ª ed., 1993.

15/12/2019

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Nós, Latinos, precisamos acompanhar o movimento do cérebro com o movimento das mãos, que sublinha e ampara o pensamento.
O Inglês não faz um gesto quando fala, e ao começar o seu discurso segura com ambas as mãos a gola do casaco, como que a estrangular a voz; o Latino estende os braços e as mãos, não à súplica, mas para dar mais fôlego ao peito e como que para desimpedir, desafogar o coração.”

M. Teixeira-Gomes, “2.ª Parte de Miscelânea – Carnaval Literário”, pp. 30-31, Livraria Bertrand, 3.ª ed., 1993.

15/09/2019

"Oops!"...


Por acaso, em uma das minhas anteriores visitas a Londres, eu travara relações com uma sufragista de alto coturno, à qual manifestara toda a minha simpatia pela «causa», e, por acaso também, foi ela uma das primeiras pessoas que encontrei quando entrei em funções. Reafirmei-lhe os meus sentimentos, e isso (à parte algum exagero) com sinceridade e convicção: a mulher inglesa, geralmente muito mais culta do que o homem tinha boas razões para exigir o direito do voto.
Admirável foi o efeito que produziram as minhas declarações, comunicadas sem demora aos corpos dirigentes: veio logo uma delegação perguntar-me se a República Portuguesa não estaria disposta a praticar almejada reforma, e em cada sufragista surgiu uma defensora da nossa revolução, que bem precisava desses favores, pois a atmosfera de que fruía em Londres era péssima.
Constava que o governo inglês tao cedo não reconheceria a nossa república, e assim, mostrando-me publicamente a sua estima, as sufragistas manifestavam-se contra os seus actuais opressores.
Toda esta salada seria inverosímil e absurda noutro país, mas a Inglaterra é a pátria consagrada de todas as extravagâncias, e um amigo meu, que a conhecia a fundo, comparava-a ao Celeste Império. Para em tudo se assemelharem, afirmava ele, até houve na Grã-Bretanha uma espécie de muralha da China: aquela que o imperador Adriano construiu, para separar a Escócia do resto da ilha, e estendia-se do mar do Norte ao Atlântico… E com razão se consideram os Ingleses como sendo o povo mais espiritualista da Terra – ajuntava ele: até a gramática inglesa admite incondicionalmente a existência da alma humana, como agora do «Grande Lafaiette» (um cómico que morrera queimado em Edimburgo): «o grande Lafaiette perdeu ali a vida e perdeu o seu cão», entendendo-se que a alma do cómico perdeu o seu corpo e o cão…
Estas brincadeiras, que eu transmiti num «chá das cinco» à minha amiga sufragista, granjearam-me a fama de humorista, qualidade muito apreciada no Reino Unido, e para me ouvir ofereceram-me um soberbo banquete, onde entre outras notabilidades encontrei o Conan Doyle, então já absolutamente afogado no espiritismo. Veio para mim de braços abertos, chamando-me ilustre colega: constava-lhe que eu evocava a alma do grande Lafaiette e com ela tinha amiudadas conferências!...
Esse banquete (de resto opíparo, muito bem servido, e abundante em convivas jovens e lindas) foi dos episódios mais alegres da minha vida, e tão bem disposto me encontrava que, quando me chegou a vez de discursar, dei largas à fantasia, tendo repentes felizes que foram delirantemente aplaudidos. Porém, no auge do arrebatamento, feita a apologia do sufragismo, atrevi-me a forragear pelos campos do humorismo, e declarei que pessoalmente ansiava pelo restabelecimento do matriarcado, na esperança de que os homens seriam tratados com as atenções e desvelos que hoje dispensamos ao sexo frágil, e, enquanto as mulheres suavam e tressuavam para nos sustentar e enfeitar, nós levaríamos a vida repimpados em flácidos coxins, fumando por narquilés, e tocando harpa…
Foi um balde de água fria lançado sobre aquela fogueira de entusiasmo.
Após um momento de profundo e geral silêncio ouviram-se murmúrios de desaprovação; as estenógrafas suspenderam o seu trabalho: algumas senhoras idosas levantaram-se e saíram, e até o Conan Doyle, de olhos cerrados e mãos cruzadas sobre a barriga, parecia ter mergulhado definitivamente nos abismos onde só os espíritos adejam…
De nada me valeu acudir sem demora apodando de mero gracejo a atrevida passagem, a qual eu renegava, mas veio depois uma comissão participar-me que não seria publicada na imprensa. Algo estomagado com a forma peremptória como foi feita a comunicação, respondi que não consentia em cortes: ou o discurso todo ou nada. Aqui ardeu Tróia. Houve clamores de revolta e olhares assassinos, e tomando o café já frio separámo-nos sem excessos de cordialidades.
Não há dúvida, pensava eu com os meus botões, a caminho da cama, fui buscar lã e vim tosquiado.
Puro engano. Ao dia seguinte a imprensa sufragista dava conta do banquete, nos mais elogiosos termos para Portugal e para o seu representante.
Belo exemplo de sentido político, justo e prático: naquele momento eu representava um trunfo no jogo das sufragistas e elas entenderam que não seria conveniente perdê-lo. Foi quando me convenci de que a vitória da «santa causa» era certa…

M. Teixeira-Gomes, “2.ª Parte de Miscelânea – Carnaval Literário”, pp. 157-160, Livraria Bertrand, 3.ª ed., 1993.

07/09/2019

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O «bovarysmo», expressão inventada por Júlio Gaultier, e hoje de uso corrente, pode ser ampliada no sentido de levar ignorantes obstinados à recusa de verdades evidentes, para só admitirem o que a princípio se lhes afigurava seguro e certo. Exemplo: no consultório de um meu amigo apareceu, com um tumor no ouvido, uma mulher que a muito custo, e após grandes instâncias, consentiu em ser lancetada. O ouvido estava cheio de «caca de anjinho» (excremento de criança de mama) que ela pusera na persuasão de que seria mezinha infalível. E era tanta que o médico tirou e lavou com muitíssimo trabalho. Depois da punção, a mulher, tal como lhe assegurava o médico, sentiu-se logo aliviada e observou: – «Afinal eu estava com medo e isto não doeu nada… Sinto-me melhor; bem se vê que a ‘caca de anjinho’ é excelente para estes bichocos…»
Mas o «bovarysmo» pode ir ainda muito longe, levando indivíduos de fraca envergadura intelectual a presumir das forças que a si mesmos atribuem, energias consideráveis, como se dispusessem daquela acção nervosa que é exclusivo apanágio dos heróis.”

M. Teixeira-Gomes, “2.ª Parte de Miscelânea – Carnaval Literário”, pp. 145-146, Livraria Bertrand, 3.ª ed., 1993.

22/07/2019

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“Rebeldias de calaceiros trouxeram a língua portuguesa ao ponto em que hoje se encontra. Sempre é mais fácil, para imagens e pensamentos plagiados de segunda mão, aproveitar a expressão já poluída, do que ir ver, nos antigos, como seria que eles os coariam em vernáculo.
Uma das modas actuais é não empregar as palavras no seu sentido preciso; as aproximações dos chamados sinónimos bastam. De aí, naturalmente, a imprecisão e confusão de ideias. O conhecimento exacto da significação das palavras é indispensável à expressão pontual do pensamento. É essencial estudar os clássicos, não só para escrever e falar com elegância, mas, sobretudo, para «saber o que se diz», escrevendo ou falando.
E, então, para alcançar a ponderação, o equilíbrio?
Um livro onde a indignação estruge, crónica, perpétua, sem tréguas: facilmente se lhe apercebe a falta de reflexão, e o interesse pelo estado mórbido do autor substitui-se, pouco a pouco, ao que a matéria tratada devia inspirar. Por fim, enfastia e até os melhores argumentos do polemista se embotam, e os seus mais valentes golpes nem ferem nem causam comoção de espécie alguma.
Na grande maioria dos casos, estes escritores ferozes e furiosos são reaccionários e, portanto, pessimistas…
O pessimista: em pose literária, clamando contra a desilusão que traz o comércio do mundo; contra a miséria e desconsolo desta pobre terra em que vivemos; contra a infidelidade das mulheres, e a traição e abandono dos amigos; nunca lhe acode perguntar e investigar sobre o que a sua própria natureza, física e moral, concorreu para enegrecer um quadro, que, para tantos outros, só tem riso e festas; e se lho perguntam, irrita-se, levando logo à conta de estupidez ou insensibilidade e nem dúvida sequer de que a vida seja outra do que ele a descreve.
Por via de regra, o escritor pessimista foi, em menino, uma inteligência muito espevitada que se embotou, pouco a pouco, no correr dos anos…
Este caso das inteligências precoces!...
Há, com efeito, certos génios prematuros, que deslizam pelo estudo das matérias mais variadas e difíceis, com desembaraço tal e tal aproveitamento que, antes, parecem recordar do que aprender, mas geralmente desaparecem ainda novos.
O tipo mais comum é assim, como vários que conheci pessoalmente: muito esperto, inteligente e espevitado em menino; já, aos trinta, se especializara em gastronomia e, dos quarenta em diante, ninguém lhe arrancava um conceito, uma palavra, uma exclamação, que se não referisse às hemorróidas…
A experiência da vida confirma o aforismo aventado pelos críticos amaros: depois dos quarenta anos, é que é difícil ser inteligente!
Esse fenómeno da obliteração da inteligência (tão viva, em geral, na mocidade) com o andar dos anos é, sobretudo, sensível nas populações germânicas (ou neolatinas?) onde os rapazes são extraordinariamente animados, perspicazes, intuitivos, argutos, audazes, e, quando vão para velhos, descambam na timidez, no obscurantismo, na insulsez, e natural e insensivelmente se alistam na ala dos ultraconservadores.
E é, ali, também, que mais abundam as caras que simulam admiravelmente a inteligência e que surpreendidas, um dia, por acaso, na sua expressão verdadeira, causam pavor pelo abismo de estupidez que desvendam”.
M. Teixeira-Gomes, “2.ª Parte de Miscelânea – Carnaval Literário”, pp-25-27, Livraria Bertrand, 3.ª ed., 1993.


16/07/2019

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Uma das características, senão a principal, da produção literária do moralista está na sua incapacidade de arquitectar um sistema ou desenvolver uma tese. Procede pelo exclusivo exame dos detalhes e desentranha-se em sentenças. Daí vem o desarranjo, o desconcerto das suas obras, onde são frequentes as contradições.
Moralistas de jornais: a simples reportagem, por mais hábil e perspicaz que seja o seu autor, embora filosófica, moralista, pitoresca e faceta, não dá mais do que o superficial aspecto dos acontecimentos. Para penetrar à intimidade, ao sentido profundo dos factos, exige-se aturada experiência do país onde se produzem, perfeito conhecimento da sociedade que os pratica.”
M. Teixeira-Gomes, “2.ª Parte de Miscelânea – Carnaval Literário”, pág. 45, Livraria Bertrand, 3.ª ed., 1993.

15/07/2019

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O modo de jogar com a linguagem absolve de toda a classe de desvarios, como põe em relevo a miséria intelectual de muitos pretensiosos sem fundamento, e isso de forma que o leitor se interessa igualmente pelo bom e pelo mau, e encontra especial satisfação em lhes fazer a síntese.
Três exemplos:
1.º Explorador incansável da mentira poética; aventureiro audaz do campo das ideias; criador inexaurível de imagens resplandecentes; o mundo em que se move é o puro espelho da sua sensibilidade e da sua inteligência: não conhece limites e jamais enfastia.
2.º Há neste escritor muita fantasia premeditada, arranjada, combinada adrede para produzir efeitos de ordem puramente literária, mas salva-se pelo fundo de genuíno lirismo em que todos os seus bordados assentam.
3.º A existência, a descoberta, de criatura assim tão supinamente besta não nos deve causar indignação, mas consumado júbilo. É como se víssemos agora aparecer completo, vivo, perfeito, um desses monstros fabulosos, da idade pré-histórica, de que um só osso constitui a glória de museus famosos.
Mas não será isto um enigma, uma adivinhação, própria para ser posta a concurso na grande imprensa? O leitor que lhe ponha os nomes certos e ganha… um folar para a Festa.”

M. Teixeira-Gomes, “2.ª Parte de Miscelânea – Carnaval Literário”, pp. 31-32, Livraria Bertrand, 3.ª ed., 1993.


11/07/2019

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“Falava-se numa botica de província (nas capitais já ninguém discorre sobre semelhantes assuntos) de alguns extravagantes artigos da velha farmacopeia. Alguém aludiu ao óleo de lacrau e um campónio, que, por acaso, assistia à conversa, advertiu:
«Pois se fossem precisos lacraus era só dizerem-mo, que lá para os meus sítios não faltam.»
Retorquiu-lhe um dos circunstantes, gracioso encartado:
«Arranje você uma boa canastra deles que aqui o Sr. Crespo compra-lhos.»
«E por bom preço – reforçou com malícia o Crespo, dono da farmácia – mas que venham vivos…»
E todos riram à socapa, o que não escapou ao lapuz, embora não desse sinal de que o notara.
Quando ele saiu houve um coro geral:
«Arre, que é burro!...»
Passado poucos dias volta o campónio com um cesto cheio de lacraus.
«Aqui estão eles.»
«O quê?...»
«Os lacraus.»
«Os lacraus?»
«Sim senhor, e todos vivos como V. S.ª recomendou.»
«Você é parvo, homem, pois você não viu que tudo aquilo era troça e para chuchar consigo…»
«Ah! era troça… então tome-os lá de graça», e despejou-lhe o cesto dos lacraus pelos quatro cantos da casa.
Quando souberam isto os habituais frequentadores daquele centro de má-língua recusaram-se a lá voltar; a freguesia diminuiu consideravelmente, e o Sr. Crespo levou meses a caçar lacraus, antes que se visse livre deles…
Porém onde está a moralidade do conto, que meta filósofos, lapuzes e lacraus, todos juntos?
Isso é com o leitor, não é comigo…

M. Teixeira-Gomes, “2.ª Parte de Miscelânea – Carnaval Literário”, pp. 140-141, Livraria Bertrand, 3.ª ed., 1993.

10/06/2018

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Tunes, 14-3-26.

Querido amigo:

Tenho-lhe mandado vários bilhetes postais, e, de Argel, uma longa carta, que não encontro notada no meu livro de lembranças e a cuja data me não posso referir. Tudo lhe tem sido endereçado para o Museu. Entretanto recebi (em Argel) a sua estimada de 10 de Janeiro, dirigida para Oran, que muito agradeço.
A minha viagem, tão auspiciosamente começada, transtornou-se um pouco, mercê de uns antrazes que me apareceram no peito, e de que ainda não estou inteiramente livre. O sofrimento tem sido grande, mas nem por isso amaldiçoo a Providência, pois sem tal empacho a minha felicidade seria completa, absoluta, paradisíaca, o que não é próprio deste mundo. Acresce que as tremendas lancetadas com que os médicos me têm mimoseado me estão arranjando um peito de herói, cheio de gloriosas cicatrizes, o que talvez algum cronista ainda aprovite para me atribuir feitos guerreiros durante a minha pachorrenta presidência. E assim poderei passar à posteridade mais bem enfeitado!
Embora eu não tivesse plano definido de viagem, nem itinerário certo, estava longe dos meus cálculos esta grande demora no Norte de África, a que me obrigaram os tais antrazes. Porém com essa demora tenho aproveitado em ver repousadamente e repetidamente monumentos e sítios que visitados de passagem só deixam na memória impressões confusas, mas que merecem contemplação repetida, para lhes entrarmos um pouco na intimidade, de modo que nos fiquem de lembrança como perpétuos elementos de beleza e de sonho. Nesse sentido a Tunísia é talvez ainda mais variada e rica do que a Argélia, e as três semanas que aqui tenho passado, apesar dos bichocos, marcam um período luminoso, de magnífico prestígio estético, na minha vida – mesmo entre os melhores períodos que ela conta.
Com esta carta vão alguns cartões, reproduzindo obras de arte grega, da melhor época, que estão no Museu Bardo (antiga e faustosa residência do Bei, cercada de extensos jardins) e foram encontradas no fundo do mar. Provinham elas, supõe-se, de um navio que Sila carregara no Pireu, com o produto da sua rapina em Atenas, e eram destinadas a ornar o seu palácio em Roma. Como todas as reproduções que se encontram em postais no Norte da África francesa, estas são péssimas, e indignas dos admiráveis originais, entre os quais figuram umas estatuetas grotescas, de anões ou anoas dançarinas, extraordinárias de carácter e originalidade. Tudo isto é de aquisição recente e portanto posterior à época das minhas juvenis peregrinações por estes sítios.
E ponto, que a obrigação de escrever na cama, sobre uma pasta apoiada nos joelhos – efeito dos antrazes – não me permite ser tão extenso como me propunha ao começar esta carta.
Respeitos e cumprimentos para sua mulher.

Do C.

M. Teixeira-Gomes, “Cartas a Columbano”, pp.11-13, Portugália Editora, 1957, Lisboa.