15/07/2019

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O modo de jogar com a linguagem absolve de toda a classe de desvarios, como põe em relevo a miséria intelectual de muitos pretensiosos sem fundamento, e isso de forma que o leitor se interessa igualmente pelo bom e pelo mau, e encontra especial satisfação em lhes fazer a síntese.
Três exemplos:
1.º Explorador incansável da mentira poética; aventureiro audaz do campo das ideias; criador inexaurível de imagens resplandecentes; o mundo em que se move é o puro espelho da sua sensibilidade e da sua inteligência: não conhece limites e jamais enfastia.
2.º Há neste escritor muita fantasia premeditada, arranjada, combinada adrede para produzir efeitos de ordem puramente literária, mas salva-se pelo fundo de genuíno lirismo em que todos os seus bordados assentam.
3.º A existência, a descoberta, de criatura assim tão supinamente besta não nos deve causar indignação, mas consumado júbilo. É como se víssemos agora aparecer completo, vivo, perfeito, um desses monstros fabulosos, da idade pré-histórica, de que um só osso constitui a glória de museus famosos.
Mas não será isto um enigma, uma adivinhação, própria para ser posta a concurso na grande imprensa? O leitor que lhe ponha os nomes certos e ganha… um folar para a Festa.”

M. Teixeira-Gomes, “2.ª Parte de Miscelânea – Carnaval Literário”, pp. 31-32, Livraria Bertrand, 3.ª ed., 1993.


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