“Em
suma, na imensa maioria da sociedade portuguesa não se formou um
carácter cívico em harmonia com a vida moderna e fez-se todo o
possível para destruir o carácter cívico antigo. Desta deficiência
educativa, o sentimento de vida nacional não evoluiu normalmente e
resulta um sentimento, desvirtuado em parte, em parte incompleto.”
Manuel
Laranjeira,
“Pessimismo Nacional”, pp.28-9, Contraponto, 2.ªed., Lisboa,
1985.
“Porque
afinal todos os actos do povo português não são actos de quem
agoniza, são actos de quem não sabe, não são escabujos de povo
exausto, são actos todos derivados da sua profunda ignorância. Pois
que queriam que fizesse um povo que nem sequer sabe ler? Queriam
talvez que esse povo fosse resolver a questão social? Queriam talvez
que ele se interessasse pelos vastos problemas da filosofia social e
se apaixonasse pelos transcendentes ideais da justiça, tal como a
concebe e teoriza o homem moderno?”
Manuel
Laranjeira,
“Pessimismo Nacional”, pág. 37, Contraponto, 2.ªed., Lisboa,
1985.
“Não;
não é necessário recorrer à hipótese inconsciente da
degenerescência colectiva, nem a factores antropológicos, mais
duvidosos ainda, para explicar o pessimismo nacional. Este nosso
doloroso mal-estar ainda não é o paroxismo duma raça decadente,
ainda não é o crepúsculo dum Povo. O nosso pessimismo que dizer
apenas isto: que em Portugal existe um povo, em que há, devoradas
por uma polilha parasitária e dirigente, uma maioria que sofre
porque a não educam e um minoria que sofre porque a maioria não é
educada.”
Manuel
Laranjeira,
“Pessimismo Nacional”, pp. 40-1, Contraponto, 2.ªed., Lisboa,
1985.