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Nota: grafia antiga
“Vejamos porém o que nos diz Herbert Spencer[1] no seu Dialogo e no Discurso sobre os Americanos. Começa por louvar o enorme desenvolvimento da sua civilisação material: a grandeza e magnificiencia das suas cidades, o esplendor de Nova York; a actividade das gentes, o seu poder de trabalho, de invenção e de decisão; as suas riquezas mineira, a enormidade dos seus campos virgens e fertilíssimos. Nota depois que eles poderam lançar mão, e de facto lançaram, dos progressos realisados nas nações da Europa, corrigindo-lhe os defeitos e aproveitando a longa experiencia desses velhos paizes. Reconhece por fim que podem legitimamente aspirar a produzir, passado tempo, uma civilisação mais grandiosa do que todas as conhecidas até hoje. – Mas cita-lhes tambem a sua vida violenta, feita a alta pressão, a qual acarreta consigo os grandes desastres financeiros e produz o Surmenage, a incapacidade permanente e as correspondentes heranças para as gerações que se sucedem. Diz-lhes que o seu unico interesse está nos negocios, que esses são o fim superior de sua vida, e que eles se contrapõem naturalmente o enfado e a existência sem encantos. E condena o desprezo ilegítimo a que votam os seus competidores na luta desses negocios. Relativamente á politica, afirma e prova a intensa corrupção que lavra naquele paiz, a real negação da liberdade, a falta do respeito mutuo que faz a essência da vida ingleza, a luta tremenda, sem nobreza, dos interesses materiais. Numa sintese lapidar, o filosofo acaba por lhes aconselhar que substituam o poder intelectual pela beleza moral, e o desejo de serem admirados pelo de serem amados.”
Op. Cit in Antonio Arroyo, “A Viagem de Antero de Quental á America do Norte”, pp.67-69, Fac-smile da Estante Editora, 1992.
Herbert Spencer (1820-1903) |