Mostrar mensagens com a etiqueta José Almada de Negreiros. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta José Almada de Negreiros. Mostrar todas as mensagens
25/04/2018
12/03/2018
...
Soube
que V. vem por hábito aqui às 2 menos quarto. Não poderei estar.
Despeço-me de si até breve. Agradecido. Tenho pena de não ter
encontrado segunda vez com Mznuel de Oliveira.
Interessa-me
encontrá-lo na volta. Ele é indispensável no Cinema Novo
(português). Será na minha volta aqui a continuação da nossa
conversa. Peço-lhe me despeça dele. Um abraço. Vou contente com
tudo quanto aqui se passou comigo no Porto. A primeira semente está
posta na terra boa. Levo boas notícias da gente nova daqui para a
gente nova de lá.
Dois
sítios diferentes para gente igual é excelente. […]
Ainda
tenho este quarto de guardanapo para lhe pôr o meu serviço ao que
lhe preste lá ou onde seja. Não foi novidade absolutamente nenhuma
para mim que o Alberto Serpa é um fixe e que o é também para o
almada
Porto
15-11-50
“Desenho,
escrevo, esculpo, vitralizo, danço, teatralizo, cinematografizo e,
se a minha arte não falar por qualquer destas vozes, que havemos nós
de fazer? Façam de conta que eu já morri – e que deixei essas
obras póstumas…”
Almada
entrevistado por Luís de Oliveira
A Engomadeira |
28/03/2017
28/04/2012
ó Coimbra...
Coimbra
Coimbra universitária, bem entendido!
Odeio-te!
finges de cabeça
e não és senão o lugar dela.
A única vez que me referi a Coimbra disse:
os palermas de Coimbra
É a minha opinião.
A única pessoa de interesse que conheci em Coimbra
foi a dona de uma casa de mulheres
todos os outros eram cultos
admiravam os grandes vultos
e desconheciam os pequenos
como se estes não fossem uma projecção dos grandes.
Coimbra
Coimbra universitária, bem entendido!
Tu consegues não ser estúpida
nem inteligente
és Coimbra.
Tamanha identificação urbana
jamais no mundo se viu.
José de Almada Negreiros in
“Poemas”, p.129, Assírio & Alvim, Lx, 2ªed., 2005.
COIMBRA EM FORMATO POSTAL
E então
lá tive numa pasta azuis as fitas
de escolar de Letras e não valiam nada
não prestavam pra nada nesse ano de ‘59
não torciam o pescoço à morrinha herdada de trás
“ai adeus acabaram-se os dias”
cantei tão pouco e só em tom menor
eu ensurdecia nas aulas durante o Inverno
o focinho metido na samarra um vago
olho emergindo como do poço uma rã
tanto sono que dava o Hölderlin em tudesco de mestre!
e às esconsas lia o meu Qui
je fus
Coimbra tapada pela capa da névoa
Um rastro de cegonhas sobre as ínsuas
Chegam barcos da lenha de Penacova
Limoeiros floridos a quinta
do avô com sardões nos muros de pedra solta
ai adeus formado em Germânicas este rapaz
o que sabe ele da vida este rapaz? Coisa nenhuma
chora baba e ranho à menção puizia
e escrevi cartas de amor sempre solenes
e a melancolia é uma doença nefasta
eu tinha uma janela no último andar
de onde o Senhor da Serra em tardes claras
e traduzi muito verso pré-romântico para as colegas
’59 confesso não me ensinou nada de nada
belas são as narcejas nos arrozais quando voam sobre
um
fundo de sol como o cobre batido
Fernando Assis Pacheco
in ‘Variações em Sousa’, pp. 16-17.
LOUVOR DO BAIRRO DOS OLIVAIS
Não tive nunca nada a ver com as
guitarras estudantes: eu vivia
num lento bairro da periferia
onde a chuva apagava os passos das
pessoas de regresso a suas casas
fazia compras na mercearia
e algum livro mais forte que então lia
já era para mim como um par d’asas
amigos vinham ver-me que eu servia
de ponche ou de Madeira malvasia
para soltar as línguas livremente
um que bramava um outro que dormia
eu abria a janela e só dizia
ao menos estas ruas têm gente
Fernando Assis Pacheco
in ‘Variações em Sousa’, p.11.
Subscrever:
Mensagens (Atom)