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13/07/2019

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O grosso dos contratos de aforamento, arrendamento ou compra-e-venda dos séculos X, XI e XII mencionam pagamento em géneros, muitas vezes combinado com dinheiro. Nem o Conde D. Henrique nem D. Teresa julgaram necessário cunhar moeda, embora o pudessem ter feito. Circulavam os dinheiros de bilhão leoneses, juntamente com o dinar de ouro e o dirham de prata islâmicos e até nomismata áureos de Bizâncio. Afonso Henriques, cujo longo reinado implicou acréscimo de fortuna, desenvolvimento do comércio e necessidade de prestígio, fez cunhar os primeiros morabitinos de ouro portugueses, que copiavam em tamanho e em valor, assim como em nome (morabitino vem de al-Murabitun, o dinheiro dos Almorávidas), o seu modelo muçulmano. Cunhou também dinheiros de bulhão e porventura meios-dinheiros ou mealhas da mesma liga. Este duplo aspecto monetário espelhava com muita precisão a integração económica de Portugal, compromisso entre a influência meridional (muçulmana) e a origem setentrional (cristã). O comércio português nascera da viabilidade das correntes de intercâmbio, tanto com Leão como com o mundo islâmico (mais exactamente o reino de Badajoz). Portugal, porém, não tinha ainda muito que oferecer em troca. Foi, assim, vagarosamente, que esse comércio se desenvolveu. Pelos fins do século XI, já se mencionavam mercados em diversas cidades e aldeias, mas as primeiras feiras só surgiram nos finais da centúria seguinte, se esquecermos o exemplo único da feira de Ponte de Lima, criada antes de 1125.
Em torno dos castelos do Porto, Guimarães, Constantim de Panóias, Mesão Frio, Gaia e outros, assim como em redor de alguns mosteiros fortificados, foram-se juntando pequenas colónias de mercadores. Nas «cidades» (Braga, Coimbra, Lamego, Viseu, Chaves) viviam outros mercadores. É possível que Coimbra desempenhasse, neste caso, um papel de relevo, próxima que estava do território muçulmano. Foi também em Coimbra, pouco antes de 1111, que se registou a única revolta «comunal» de que temos notícia, obrigando o Conde D. Henrique a conceder-lhe novo e mais favorável foral.”

A. H. de Oliveira Marques, “História de Portugal – Desde os tempos mais antigos até ao governo do Sr. Palma Carlos”, 4.ª ed., pág. 83, Ed. Palas Editores, Lisboa, 1974.