03/11/2011

Letras

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30/10/2011

Duas de língua...




"Um corpo é para endoidecer
não se habita em paz
nem pertence a
é sozinho
sala vazia de hospício
caiada de branco
funcional
asséptica
feita à medida de um doente
mental"

Rui Caeiro in «Baba de Caracol», 2ªed, Língua Morta, p.22, Lisboa, 2010.

Mais informações por aqui


"Aos poetas não invejar coisíssima nenhuma: a poesia que
fazem, a inspiração que podem ou o mau vinho que bebem. Nem
as vidas que tiveram, por muito adjectivadas ou descoloridas que
fossem. Nada. Pois tudo é para esquecer: os versos, a inspiração,
os alcoóis e, já agora, as vidas também. E a somar a isso as dores
que sentiram, depreende-se que muitas e também os alívios,
desde os mais nobres até aos mais soezes, ou vice-versa."

Rui Caeiro in «Baba de Caracol», 2ªed, Língua Morta,, p.35, Lisboa, 2010.

Mais info aqui

"14
Carta para A.

viste que os dias não passavam
disto, e viste bem. desse lado
do céu, tens o melhor miradouro
sobre a madrugada. se encontrares
o pintainho que sepultámos,
em segredo e lágrimas, no
quintal das tias, pede-lhe o
arco da sua asa nas noites de lua nova.
remete-me, quando puderes,
pacotes de chuva miúda, gosto
de a ver decalcar a terra, fundir-se
com as sementes de milho
no canto da achadinha.

entretanto, vou montando o
telescópio, com as instruções
que me deste. põe-te à vista
e combinamos um gelado a
meio caminho,
à hora da infância."

Renata Correia Botelho, in «Avulsos, por causa», Língua Morta, p.20, Lisboa, 2010.

29/10/2011

26/10/2011

Chegado por vias (ín)vias...

A Pobreza

(Hino Racional)

Viveis do ar, pobre povo,
Ração ausente, é imoral,
Jejuai hoje de novo
Pelo penhor da Petrogal!
Entre as bufas da escória,
Ó Pária, sente-se a voz
Do teu eleito atroz,
Que há-de guiar-te à penúria!

Às algas, às algas!
Sabe a terra, sabe a mar,
Às algas, às algas!
Pela Pátria enlutar
Contar tostões, e mendigar!

Letra: Antino Bolina

24/10/2011

Só me ocorre um motivo para Broch não ser um ismo!

Efeméride nos 60 anos da Morte de Hermann Broch.
Hermann Broch (1886-1951) 


“Lucius interrompeu de novo: «Falar de honestidade na arte é sempre um tanto equívoco. Pode dizer-se de um artista que é honesto se se mantém fiel às regras tradicionais e eternas da arte, mas por outro lado também se pode dizer que é precisamente por isso que é desonesto, porque esconde o seu próprio eu atrás da tradição. Somos desonestos por fazermos o nosso mundo homérico? Serão os jovens desonestos por emularem Virgílio? Ou serão eles mais honestos ao cometerem faltas de gosto?»”
Hermann Broch, A Morte de Virgílio, Vol. 2, p.30, ed. Relógio D’Água, Lx, 1988.



“Eneias seguiu a morte até às sombras dos infernos e regressou de mãos vazias, ele próprio mera alegoria, sem salvação, sem verdade, sem a verdade do real, de tal modo que a sua ousadia pouco menos vã foi do que a do malogrado Orfeu, embora não tivesse, como aquele, descido aos infernos em busca da sua amada, mas sim por causa do seu antepassado primevo, fundador da lei; não, as forças não lhe tinham chegado para uma descida ainda mais profunda, e agora tinha, juntamente com o poema, de alcançar o nada, para que surgisse a realidade da morte, despedaçando a vã alegoria: «Não fiz mais do que circunscrever a morte com alegorias, Augusto; mas a morte é mais astuta do que os símbolos da poesia, e escapou-lhes… A alegoria não é conhecimento, não, a alegoria segue o conhecimento, mas antecede-o muitas vezes, qual pressentimento ilícito e imperfeito que apenas é utilizado pelas palavras, e então, em vez de penetrar no conhecimento, fica diante dele, encobrindo-o como um biombo escuro…»”
Hermann Broch, A Morte de Virgílio, Vol. 2, p.108, ed. Relógio D’Água, Lx, 1988.




21/10/2011

Guardem as costas em Sirtes...

Julien Gracq (*), A Costa de Sirtes, ed. Vega, Lisboa, s/d.

(*) Pseud. de Louis Poirier
Título Original: Le Rivage des Syrtes
Tradução: Pedro Tamen.
Capa: José Eduardo Rocha, 1992.






"As Sirtes outrora famosa como instância de veraneio para uma classe privilegiada de Orsenna é, agora, uma região inóspita e algo desertificada onde jaz uma série de ruínas que faz lembrar esse passado"
                                                                       ...diz no livro

20/10/2011

Vou filado nisto mas trago sempre clementinas...

Manuel Cintra, «Tangerina», ed. de autor, 1990, Lx.  

Madrugada.
Segurei nos seios que as minhas mão já não
eram, varri os restos da casca de ovo que já não
me cobria a cara, olhei para a rua que já não
era um espelho e senti-me. Só.

Ao despejar o lixo, encontrei entre cascas um
pequeno fruto redondo, de textura e cor irreco-
nhecíveis e olhei com atenção: não era deste
mundo.

Preferi imaginar que tinha imaginado, tornei
a colocá-lo entre os restantes detritos e, ao che-
gar ao contentor, despejei tudo cumprindo o ri-
tual que devolve algumas coisas à mãe.

Ao regressar a casa, não reparei no cavalo
que circulava tranquilo sobre a parede da sala,
nem na árvore de fruto que tinha nascido no
lava-loiça, nem na quantidade infinita de caixas
que se escondiam debaixo da cama.

Não reparei, mas sei.

Sei perfeitamente que isto representa, na me-
lhor das hipóteses, gostar de saber que não sei
nada, ou tão pouco, que se for realmente uma
tangerina, é porque o trago, para quase sempre,
na palma da mão.

Manuel Cintra in «Tangerina», pp.13-15, ed. de autor, 1990, Lx.  

17/10/2011

Pedra-dada...

”«No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho / tinha uma pedra / no meio do caminho tinha uma pedra. // Nunca me esquecerei desse acontecimento / na vida de minhas retinas tão fatigadas. / Nunca me esquecerei que no meio do caminho / tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho / no meio do caminho tinha uma pedra.»: eis o vendaval que Drummond de Andrade perpetrou na década de 30 no seio da comunidade literária.

Raramente um poeta, para mais inoculando pelo ritmo e pela repetição um leque de significados em materiais tão humildes, conseguiu clarificar tão eficazmente um núcleo imóvel, i. é, o que se manifesta durante (e apenas nesse momento) o acontecimento seminal que lhe abole a dualidade do interior e do exterior. Se a pedra «desencadeia a reflexão, pois cria a aporia que está no princípio de todo o querer saber» (David Arriguci Jr.), a repetição sugere que «no meio do caminho» Drummond partilhou algo vasto e incognoscível (daí o espanto e a afasia que a repetição sublinha) cujo mistério ele nunca poderia descodificar ou iniciar e que empurrou o poema para uma experiência aberta, para um território propenso à «mise en danger». Talvez porque «Esta vida / de que falo / não se escoa, não alimenta os superlativos / diários. É única / e perene sobre a escondida fluência / dos movimentos». (HH) “

António Cabrita in «Combate de Flautas», pp. 7-8, &etc, Lx, 2003. 

16/10/2011

11/10/2011

Preferiria, na sexta-feira, estar no Bartleby...


A Edições 50kg vai estar presente no Bartleby Bar na próxima Sexta-feira 14 de Outubro às 22h30 com uma pequena apresentação dos seus trabalhos editoriais mais recentes. Esta iniciativa estará associada ao main event of the evening, que é o lançamento do Número 6 da Revista de Poesia Piolho cuja  apresentação será realizada por Fernando Guerreiro.


PIOLHO Revista de Poesia apresentação por Fernando Guerreiro

«Se dois homens se querem entender verdadeiramente, têm primeiro que se contradizer» Gaston Bachelard

COLABORAÇÕES DE:

Sandra Filipe (ilustrações), Inês Dias, Golgona Anghel, Marta Chaves, Ana Dias, Mariana Pinto dos Santos, Oliveira Martins Roxo, Renata Correia Botelho, A. Maria de Jesus, Sílvia C. Silva, Rui Caeiro, José Carlos Soares, Miguel Martins, Vitor Nogueira, António Barahona, manuel a. domingos, Fernando Guerreiro, Diogo Vaz Pinto, Rui Miguel Ribeiro, Jorge Roque, Luís Manuel Gaspar, A. Pedro Ribeiro, António S. Oliveira, Pedro Calcoen, Rui Pires Cabral, Rui Azevedo Ribeiro, Ricardo Álvaro, Manuel de Freitas e Charles Bukowski
fazem mais ou menos por esta desordem este
número
o sexto Setembro 2011
Coordenado por Sílvia C. Silva, Meireles de Pinho (capa e arranjo gráfico),Fernando Guerreiro e A. Dasilva O.



É uma oportunidade para apanharem piolhos novos e uns um pouco mais antigos. Bem como 50kg’s que estão quase a esgotar!

APAREÇAM

Segue a localização:

Bartleby Bar

R. Imprensa Nacional, 116b (cave do restaurante BS), Lisboa

E-mail: bartleby.bar@gmail.com

09/10/2011

De 10 em 10 anos... para manter o bom nome

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Para lembrar António Pedro Ruella Ramos e Fernando Assis Pacheco... Mas também para evitar, que os títulos deste jornais possam ser usurpados, para fins como, por exemplo, os publicitários... Legalmente se existir uma impressão de 10 em 10 anos mantém-se a propriedade sobre estes títulos... Enfim, escrever com o Direito para evitar o torto! Ilustrações de Bárbara Assis Pacheco. Com um poema inédito de Miguel-Manso.

Diário de Lisboa, Diário Ilustrado e o Sempre Fixe!


   

A fatal-lista...


I

Voltou de Pondichéry no meio
de sedas damascos diamantes concubinas
o cordão de ouro da mãe
não serviu para pagar
a edição dos seus poemas
mas para pagar a passagem
para Pondichéry
onde veio a fazer fortuna
nenhuma musa teve a caridade
de gelar a tinta no seu tinteiro
também nunca lhe faltou o pão com queijo branco
nem o papel
tanto o papel para escrever poemas
como o papel de carta
escreveu cartas a Diderot
a que juntou poemas
Diderot nunca lhe respondeu
no regresso recebeu-o com frieza
dei-lhe um conselho sensato
o que é que queria mais?
a obstinação do poeta de Pondichéry
em escrever poemas que Diderot acha maus
é como a de Sísifo
mas há uma diferença
nos montes não há pedras boas e pedras más
e nos livros há poemas bons e poemas maus
as concubinas as sedas os damascos e os diamantes
não o consolam de escrever maus poemas
emenda muito os seus poemas
os papéis que  os herdeiros vão encontrar
depois da sua morte
parecem palimpsestos
mas as emendas são como um eczema
sobre uma pele de que nunca se gostou

2.XII.1985

Adília Lopes in «O Poeta de Pondichéry seguido de Maria Cristina Martins», p.13, ed. Angelus Novus, Braga-Coimbra, 1998.
O Poeta de Pondichéry seguido de Maria Cristina Martins de Adília Lopes




08/10/2011

É do picante...

António Cabrita, foto retirada daqui

ROSA COM ESPINHOS

O que invejo nos sages é o que não gosto
na sua literatura. Falta-lhes em Susto & Cólera
o que sobra em Graça, como se abstraídos
do adocicado com que o morto ao segundo
dia empesta o ar. Sou um compulsivo

leitor de sages mas sei que no último fôlego
o ouriço sonda o que há de macio no traseiro
do invisível e o fogo se atiça com a água.
Abro a boca e logo um sage se senta
ao colo de uma sílaba, é imediato, tenho

a boca cheia de santos, ainda que a afro-
-china que acabou de passar é que
me levasse ao engano. Contradições,
arestas, obstáculos, situações: o sal
da poesia, ainda que pareça impertur-

bável a sua líquida transparência. Mas,
o gume da luz naquela face engoliria tudo.
 Do pouco que estimo em Bukovski
Adoro este verso, «Nasci para roubar rosas
nas avenidas da morte». Rosas com espinho.

António Cabrita in «Piripiri Suite seguido de Visions de L’Amen», p.41, Ver o Verso, 2007, Maia.

COLÓQUIOS COM O MEU GATO, 2

Não distinguir entre os frutos
da insónia e os frutos insones
pode ser a desgraça do poeta.
Quem livra de dissabores
o crente que não separa

Deus da sua mudez? Não
te tomes por mente subtil
e refinada p’la arte. A maçã
rola de uma para outra
mão até despertar no ramo?

Não dispõe a vida sobre
o tampo os resguardos,
como moedas cambadas?
Baldeou-te um golpe de ar,
um golpe d’ar, um golpe…

António Cabrita in «Piripiri Suite seguido de Visions de L’Amen», p.43, Ver o Verso, 2007, Maia.


Piripiri Suite seguido de Visions de L’Amen - Poemas da Distância Incomum -, ed. Ver o Verso,  Maia, 2007.

03/10/2011

Ao pé da Pé de Mosca

postais impressos por participantes do Guimarães noc noc na pé de mosca
prensa de encardenação


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mais informações sobre a Cooperativa Pé de Mosca aqui

30/09/2011

Pequena maravilha... portátil


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Manifesto a toda a gente

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