17/10/2017
21 e 22 de Outubro — das 14 às 23 H (Sábado); das 14 às 20 H (domingo)
PROGRAMAÇÃO mais informação - AQUI
LISTA EXAUSTIVA DE EDITORES E IMPRESSORES CONFIRMADOS COM BANCA
DURANTE A OCORRÊNCIA (CERCA DE 40 EDITORES CONFIRMADOS):
100 Cabeças; Antígona; Atelier Guilhotina; Bárbara Lopes; Chili com carne/ MMMNNNRRRG; Clube do Inferno; Clube dos tipos/ Editora dos tipos; Cronópio; Debout sur l'Oeuf/ Do Lado Esquerdo; Dedo Mau; Douda Correria; Edições 50kg; Edições do Saguão; Edições do Tédio; Elena Sanmiguel Urbina; Fanzines e Martelos; Filipe Felizardo; Formandos curso auto-edição Oficina do Cego; Galho; Hélastre; Imprensa Canalha; Letra Livre (representando também Averno, Língua Morta e Fenda); Linha de Sombra; Livros de Bordo; Maldoror; Mia Soave; Mike Goes West; Momo; Não edições; O Corvo da Bad; O Gato Mariano; O Homem do Saco; Oficina Arara; Oficina do Cego; Orfeu Negro; Papeleiro Doido; Pé de Mosca; Quarto de Jade; Serrote; Sílvia Rodrigues; Stet; Stolen Books; Tipo PT; Triciclo; Urubu; Vintage Warehouse; Xavier Almeida; Xerefé; XYZ.
+ BANCA DE ALFARRÁBIO E SEGUNDA MÃO
15/10/2017
"TRÊS AMERICANOS
De
toda a parte.
Para
onde vão?
Para
o dinheiro."
Eça
de Queirós, “Notas
Contemporâneas”, pag.
407,
Livros do Brasil, Lisboa.
...
“Em
Portugal há só um homem – que é sempre o mesmo ou sob a forma de
dandy, ou de padre, ou de
amanuense, ou de capitão: é um homem indeciso, débil, sentimental,
bondoso, palrador, deixa-te ir,
sem mola de carácter ou de inteligência, que resista contra as
circunstâncias. É o homem que eu pinto [Os Maias]
– sob os seus costumes diversos, casaca
ou batina. É o português verdadeiro. É o português que tem feito
este Portugal que vemos… “
Eça
de Queirós,”Notas
Contemporâneas”, pp.
405-6, Livros do Brasil,
Lisboa.
08/10/2017
30/09/2017
SOBRE O TURISMO…
“
- agora que percorrer o mundo já não é, como no século XV,
empreendimento de grande confusão, alarido e dano. Com todos os
nossos mares aclarados, nenhum tenebroso, e divertidos hotéis
boiantes para os atravessar, providos de adega, de inglesas
sensíveis, - milhares de sujeitos, constituindo já uma classe,
possuindo já um rótulo, globetrotters
(trotadores do globo), trotam, assobiam, dão vivamente a volta ao
Mundo, com a facilidade, se não a filosofia, do fino De Maistre
dando a volta ao seu quarto. Mas estes sujeitos trotam, «para se
dissiparem, não para se acrescentarem», segundo a forte expressão
eclesiástica – e no seu trote contínuo através dos continentes
vão assobiando, porque não vão pensando."
SOBRE VOTAR…
“Depois,
a presença angustiosa das misérias humanas, tanto velho sem lar,
tanta criancinha sem pão, e a incapacidade ou indiferença de
monarquias e repúblicas para realizar a única obra urgente do mundo
«casa para todos, o pão para todos», lentamente me tem tornado um
vago anarquista entristecido, idealizador, humilde, inofensivo…
Anarquismo mesmo vago; tristeza, mesmo filosófica; idealização,
mesmo escondida não compõem um bom cortesão.”
Eça
de Queiroz, “Notas Contemporâneas”, pp.359-360,Livros do Brasil, Lisboa.
23/09/2017
29/08/2017
27/08/2017
...
FACTOTUM:
Há o Teatro D. Maria, que se não apresenta cem quadros dá-nos em
cada melodrama cem mortes, duzentas choradeiras e quatrocentos
reconhecimentos!
COMETA:
Belo, belo! Venha ao Teatro D. Maria! Eu sou doido por emoções
fortes! (Música)
1.º
NOTICIARISTA: Silêncio, aí o tem justamente num lance bem patético,
numa cena de reconhecimento!
DAMA
(entra em cena espavorida, com os cabelos caídos): É
possível? Meu pai?... Ele?... Ele?... E o meu coração não me
dizia nada… (Indo lançar-se-lhe nos braços) Ah!... Meu P a
a a a a i!
PAI
(correndo da direita com os braços abertos): Minha F i i i i
lha!
AVÓ
(idem da direita): Minha neta!
NETA
(idem da esquerda): Minha Avó!
DAMA
(idem da direita): Meu esposo!
ESPOSO
(idem da esquerda): Minha Esposa!
(Saindo
ao mesmo tempo de diversas partes, caindo todos nos braços uns dos
outros e soluçando sobre o ponto, este abre um guarda-chuva)
TODOS
(dando muitas palmas): Bravo! Bravo! Bravo!
COMETA
(limpando os olhos): É bonito, mas sensibiliza de mais!
PAI:
É tarde meus queridos filhos! Agora que afinal sou venturoso não
quer a desventura que eu sobreviva à minha ventura! (Cambaleia)
TODOS:
Bravo! Bravo!
COMETA
(ao mesmo tempo): Bravo! Que pureza de linguagem!
PAI:
Sinto-me desfalecer… um veneno fatal percorre as minhas veias…
Adeus, eu morro!
TODOS:
Envenenado?! Ah!
PAI
(ansiando): Sim, meus filhos, mas vou morrer lá p’ra dentro
para não entulhar a cena! (Sai aos pulinhos)
TODOS:
(os de D. Maria II): Oh! Não, não; não lhe devemos
sobreviver!
(Tiram
frascos d’água-de-colónia e garrafinhas caricatas, que põem à
boca, bebem e vão para dentro tragicamente, figurando que se
envenenaram.)
26/08/2017
21/08/2017
...
“Não
há poema sem acidente, não há poema que não se abra como uma
ferida, mas também não o há que não fira”
Jacques
Derrida, “Che cós'è la poesia? Angelus Novus, Coimbra, 2003.
19/08/2017
17/08/2017
Biopolítica...
"(...) o escritor, há cem anos, dirigia-se particularmente a uma pessoa de saber e de gosto, amiga da eloquência e da tragédia, que ocupava os seus ócios luxuosos a ler, e que se chamava «o Leitor»: e hoje dirige-se esparsamente a uma multidão azafamada e tosca que se chama «o público».
(...) a ideia de leitura, hoje, lembra apenas uma turba folheando páginas à pressa, no rumor de uma praça."
(...) a ideia de leitura, hoje, lembra apenas uma turba folheando páginas à pressa, no rumor de uma praça."
Eça de Queiroz, “Notas Contemporâneas”, pág. 96, ed. Livros do Brasil, Lisboa.
"Quem lê hoje Homero? Quem lê Dante? Qual de vós, qual de nós leu a «Odisseia» e «Os Sete diante de Tebas», e Sófocles, e Tácito. e o «Purgatório», e os dramas históricos de Shakespeare, e até Voltaire, e até Camões? Decerto têm-se opiniões sobre o «nosso estilo de Tácitos», e a «ironia de Aristofánes»; mas essas sentenças transmitem-se, já feitas, para uso da eloquência, um pouco apagadas e cheias de verdete, como os patacos que vão de mão em mão."
Eça de Queiroz, “Notas Contemporâneas”, pág. 93, ed. Livros do Brasil, Lisboa.
15/08/2017
...
“Claro
que vai sendo difícil saber-se o que é uma literatura (uma arte)
revolucionária, qual o seu grau de incidência num contexto social
marcado pelo predomínio cultural e económico das classes burguesas.
É nestas, já se sabe, que se recrutam os consumidores “cultos”,
ávidos de “surpresas”, abertos às “inovações”. Aquela
burguesia insatisfeita culturalmente mas muito instalada nas suas
prerrogativas económicas devora tudo, inclusivamente o que a
“contesta”. Este o drama das estéticas ditas de “vanguarda”,
cedo transformadas – e conformadas – em novos academismos. Elas,
por si só, não constroem um novo sistema cultural: muito pelo
contrário, dão injecções de vitalidade ao sistema estabelecido.
Julgando destruí-lo, prolongam-no. Querendo-se bombas, verificam-se
(quando dão por isso) bichas de rabiar – atrevidas, barulhentas,
divertidas, inofensivas.”
Vitor
Silva Tavares, “Notas para um Prefácio (a Haver) com Pedido de
Posfácio”, pág. 14, ed. Viúva Frenesi, Lisboa, 2017.
14/08/2017
“Meu Querido Mês de Agosto”...
“Quando
chego a Portugal, depois de um ano de Inglaterra – além de tanta,
tanta, coisa que estranho – há uma coisa que me deslumbra, e outra
que me desola: deslumbra-me as fachadas caiadas, e desola-me a
população anémica. Que figuras! O andar desengonçado, o olhar
mórbido e acarneirado, cores de pele de galinha, um derreamento de
rins, o aspecto de humores linfáticos, a passeata triste de uma raça
caquética em corredores de hospital: e depois um olhar de vadiagem,
de «ora aqui vou, sim senhor, de madricice, olhando em redor
com fadiga, o crânio exausto, e a unha comprida, para quebrar a
cinza do cigarro, à catita.”
Eça
de Queiroz, “Notas Contemporâneas”, pp. 38-9, ed. Livros do
Brasil, Lisboa.
12/08/2017
07/08/2017
02/08/2017
27/07/2017
25/07/2017
ENTRE BERNARDIM E SÁ CARNEIRO...
Vilancete Entre mim mesmo e mim não sei que se alevantou, que tão meu imigo sou. Uns tempos, com grande engano, vivi eu mesmo comigo, agora no mor perigo se me descobre o mor dano. Caro custa um desengano e pois me este não matou quão caro que me custou. De mim me sou feito alheio, entre o cuidado e cuidado está um mal derramado que por mal grande me veio. Nova dor, novo receio foi este que me tomou: assim me tem, assim estou.
BERNARDIM RIBEIRO
|
Eu não sou, eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio: Pilar da ponte de tédio Que vai de mim para o Outro. MÁRIO SÁ-CARNEIRO |
CORRUPTELAS DE O’NEILL E DE VITOR SILVA TAVARES
| |
Sá de Miranda Carneiro
comigo me desavim eu não sou eu nem sou o outro sou posto em todo perigo sou qualquer coisa de intermédio não posso viver comigo pilar da ponte de tédio não posso viver sem mim que vai de mim para o Outro
ALEXANDRE O´NEILL
|
Eu não sou, eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio: Pilar da ponte do Tejo
VITOR SILVA TAVARES
|
23/07/2017
22/07/2017
...
“De
acordo com Schmitt, é um sinal de cisão interior (…) ter-se mais
do que um único verdadeiro inimigo”. A firmeza de carácter não
permite uma “dualidade de inimigos”. É necessário enfrentar
“combatendo” o inimigo único “para se ganhar a medida de si
próprio, o limite de si próprio, a figura de si próprio”. Deste
modo, o inimigo é “a nossa pergunta própria enquanto forma”.
Também um único amigo verdadeiro seria prova de firmeza de
carácter. Schmitt diria: quanto menos carácter e menos forma se
tem, quanto mais liso e polido e mais escorregadio se é, mais
friends se tem.
O
Facebook é um mercado
da falta de carácter.”
Byung-Chul
Han, “A Salvação do Belo”,
pág. 62, Relógio D'Água, 2016.
Subscrever:
Mensagens (Atom)