“Quando
chego a Portugal, depois de um ano de Inglaterra – além de tanta,
tanta, coisa que estranho – há uma coisa que me deslumbra, e outra
que me desola: deslumbra-me as fachadas caiadas, e desola-me a
população anémica. Que figuras! O andar desengonçado, o olhar
mórbido e acarneirado, cores de pele de galinha, um derreamento de
rins, o aspecto de humores linfáticos, a passeata triste de uma raça
caquética em corredores de hospital: e depois um olhar de vadiagem,
de «ora aqui vou, sim senhor, de madricice, olhando em redor
com fadiga, o crânio exausto, e a unha comprida, para quebrar a
cinza do cigarro, à catita.”
Eça
de Queiroz, “Notas Contemporâneas”, pp. 38-9, ed. Livros do
Brasil, Lisboa.
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