14/05/2011

Foi mais ou menos assim...

Apresentação do número 4 da revista de poesia Piolho e o opúsculo poético Rendimento Mínimo na Livraria Capítulos Soltos - Braga em 14 de Maio de 2011

  Livraria Capítulos Soltos - Braga em 14 de Maio de 2011


Livraria Capítulos Soltos - Braga em 14 de Maio de 2011

08/05/2011

Apresentação em Braga



No próximo Sábado, 14 de Maio pelas 18h00, as Edições 50kg apresentarão o opúsculo poético rendimento mínimo na cidade de Braga na livraria Capítulos Soltos. Esta apresentação será integrada no Lançamento em Braga do número 4 da Revista de Poesia Piolho que contará com a presença de A. Dasilva O., Raul Simões Pinto, Rui Azevedo Ribeiro, Rui Tinoco – havendo sempre uma vaga aberta para convidados surpresa.

Contamos convosco!

Morada:
Rua Santo André, 93 R\C
4700- 308 Braga





26/04/2011

...Recomendável segundo a ficha


(Clicar na imagem para ampliar)

O que Akhbar disse a Naiq Gopaul

1

Os navios conspurcam a cidade, canta
no meu rio, parede alta
será teu o braço a virilha do
tirano, a duração das cheias
no colete azul das raparigas.


2

A córnea oscila nesta água de mentiras
move, na pupila do senhor, línguas de fogo
Contrai-se o alçapão, salta
no âmago das velas o grão do amor
deflagra
o céu, aberto à punção do voo.


3

O mastro destrói a viagem,
antiga elipse, a carne, única
ilusão que persistia indica
uma rota às profecias.



4

Para te  erguer noutro destino,
tijolo de cinza, próximo das
águas apagadas, nenhuma canção
resta, nas muralhas só o vento.

Gil Nozes de Carvalho, “Alba”, INCM – Gota de Água, pp.9-12, col. «Plural», Lx, 1982.




21/04/2011

...



Estão cada vez mais parecidos com uma vara de bacorinhos chiando vitimizações e baralhando-se uns com os outros…

Os mídias exploram este triste jogo de bisca lambida em que um puxando da desculpada carta faz com que o outro assiste... Prolongando a mesma melopeia chorosa.

Quem não conhece este baralho cheio de bandalhos? 

15/04/2011

Deste gosto deste...

António de Sousa (Porto, 1898 - Oeiras, 1981)

Errata
Que mundo este, sufocado!
E quer matar o que há-de vir!...

Em qual dos dois serei pecado?
A qual dos dois vou disfarçado?
De qual dos dois estou cansado?
.
- Mãe, custa tanto rir!
.
António de Sousa in  "Jangada", 1944, Coimbra Editora

08/04/2011

Quem tem olho é Rei...

(ESGOTADO)


Renato Ferrão distinguido com o Prémio de Artes Plásticas União Latina 2010

08 de Abril de 2011, 11:50

Lisboa, 08 abr (Lusa) - O artista plástico Renato Ferrão foi distinguido com o Prémio de Artes Plásticas União Latina 2010, revelou hoje à agência Lusa fonte da entidade organizadora.
O júri do prémio esteve reunido durante a manhã de hoje na sede da Fundação D. Luís I, no Centro Cultural de Cascais, e tomou a decisão por unanimidade, sublinhando a "elevada qualidade das quatro obras apresentadas a concurso".
Além de Renato Ferrão, nascido em Vila Nova de Famalicão, em 1975, os outros finalistas do galardão eram Pedro Barateiro, a dupla Von Calhau (composta por Marta Ângelo e João Alves) e Mauro Cerqueira.
O júri internacional foi constituído por Marianne Lanavère, diretora de La Galerie, Centre D'Art Contemporain (França), Alberto Ruiz de Samaniego, da Fundação Luis Seoane (Espanha), Carolina Italiano, do MAXXI, Museu Nacional de Arte do século XXI (Itália) e Lúcia Marques, curadora e crítica de arte (Portugal).
A peça apresentada por Renato Ferrão é uma instalação intitulada "Vida Material" e usa extensores, uma cadeira, uma cómoda e um prato, montados como duas esculturas em tensão, indicou à Lusa um dos membros do júri.
O júri decidiu distinguir Renato Ferrão "pela maturidade com que lida com o espaço, considerando também a análise e releitura original de conceitos e dinâmicas clássicas da escultura moderna, envolvendo peso, volume, tensão e fragilidade".
Também destacou "a sensibilidade e variedade de materiais escolhidos, bem como a transfiguração poética dos objetos quotidianos, também expressa nos títulos dos seus trabalhos".
O prémio, no valor de 7.500 euros, vai ser hoje entregue, às 18:00, numa cerimónia que decorrerá no Centro Cultural de Cascais, onde também será inaugurada a exposição com as obras dos quatro artistas - todas elas instalações - patente até ao dia 29 de maio de 2011.
Renato Ferrão é formado em escultura pela Faculdade de Belas Artes do Porto. A última exposição individual foi realizada em 2009, na Fundação de Serralves, no Porto.
Organizado pela União Latina, o prémio bienal é patrocinado pela Fundação D. Luís I, e realizou-se este ano pela décima vez.
André Guedes (2006), Bruno Pacheco (2004), Filipa César (2002), João Onofre e Rui Toscano (ex-aequo 2000), Patrícia Garrido (1998), Rui Chafes (1996), Marta Wengorovius (1994), Pedro Proença (1992) e Pedro Calapez (1990) foram os anteriores premiados.
O prémio não foi atribuído em 2008 por falta de apoio, mas foi retomado este ano, com o apoio da Fundação Dom Luis I.
AG.
Lusa/Fim


05/04/2011

Escritores Esquecidos 9

J. O. Travanca-Rêgo (1940-2003)



SUBSTÂNCIA

Perdeu-se, perdeu-se talvez a vida
no que ela tinha de válido –
no que ela tinha de grande:
No que ela tinha de próprio,
como (de um corpo) é próprio
ter cabeça  membros  tronco
e a alma de um gigante
com asas para o infinito!

- Um desespero GLORIOSO…
Recomeço eu escrevendo,
como quem num adjectivo
fosse encontrar o perdido –
sua alma omnipresente,
tão leve como alguns ventos
quando são sopro da Vida…
Mas, lembro-me logo:

“Os adjectivos são acidentes,
- diz Margarida, amiga minha,
na senda do Aristóteles -:
Não implantam dentro ao Homem,
a semente que lhe escapa…
E apenas por fora pintam
umas asas que não abrem
no seu tronco que vai cego
como um Ícaro perdido!”

Olha que não, olha que não
- redigo eu inconformado -:
De desespero, estou farto:
de desespero simples como o dos cães,
sem duas pernas
– sentados…
Agora se for GLORIOSO, e com maiúsculas escrito,

talvez alma dê-me um pouco –
dê-ma de novo e eu possa
gozar da vida a substância,
como antes de ter perdido
o que era grande (ou era louco):

- Umas asas de gigante,
minha alma sem distância
do Longe e do Invisível!

Travanca-Rêgo, Da Poesia: dois segmentos, pp. 18-19, Black Sun Editores, Lx, 1999.   



29/03/2011

Homenagem


A... Ângelo de Sousa (1938-2011)


Foi mais ou menos assim...


Lançamento do livro Rendimento Mínimo e Revista Piolho n.º 4 na Livraria Gato Vadio em 27.III.2011.
(arquivo fotográfico de Bruno Diogo)

pág. 5 do livro 'Rendimento Mínimo' - A. daSilva O.


pág. 9 do livro 'Rendimento Mínimo' - Rui Azevedo Ribeiro.


Ficha Técnica do livro 'Rendimento Mínimo'

O livro 'Rendimento Mínimo' é um opúsculo de 16 páginas contendo dois poema - um de A. daSilva O. e outro de Rui Azevedo Ribeiro. Foram editados 300 exemplares. Para mais informações envie-nos um email para edicoes50kg@gmail.com

Em restauro

As Edições 50kg acabam de adquirir um prelo de provas. Apesar de uma camada de ferrugem o rolo está bem conservado e o carreto desliza perfeitamente. Penso que será um restauro rápido e fácil. E se tudo correr bem será uma excelente aquisição para a editora.

23/03/2011

Lançamento do livro 'Rendimento Mínimo"



No Domingo 27 de Março, às 17H00, será lançado o livro Rendimento Mínimo das Edições 50kg dos autores A. Dasilva O. e Rui Azevedo Ribeiro (a capa é da Ana Ulisses). Decorrerá na Livraria Gato Vádio na Rua do Rosário, 281 - Porto.

Também será lançado o número 4 da revista de Poesia Piolho.


Sobre o Rendimento Mínimo: "Não fizemos nenhuma elegia à pobreza e muito menos lhe alceamos virtudes. E a haver queixas é sem queixume. De um mote de ajuntamento, de uma condição em comum, fiz ao A. daSilva O. uma proposta. Um poema dele e outro meu fazem este livro."

Rui Azevedo Ribeiro

Compareçam!...

20/03/2011

Dia Mundial da Poesia

Hoje no CCB...

Diga lá um Poema
Foyer da Galeria Mário Cesariny Piso 1
O público é convidado a dizer poesia em frente a uma câmara num espaço informal montado como um estúdio de gravações com estrado e microfone. As gravações são transmitidas em diferido em vários écrans distribuídos pelo CCB.

O Jogo e o Caos
Exposição de Mário Botas (1952-1983)
Bengaleiro Norte Piso 1
Uma seleção de cerca de 80 desenhos do artista-médico que desenvolveu a sua curta carreira a partir de 1971, em que as referências literárias e poéticas percorrem um universo visual inquietante, de grande riqueza simbólica. Em colaboração com a Fundação Mário Botas.


14:00 - 15:30

ARTES POÉTICAS - De poesia e de vida
Sala Eugénio de Andrade Piso 1
Workshop com António Carlos Cortez*
Do modo como ela se tece e se contorce, do seu trabalho, da sua técnica, dos modos vários em que a poesia apresenta como linguagem estranha.
De poesia falemos. Depois de termos, no ano passado, viajado por alguns poemas portugueses, desde a Idade Média, passando por Camões até à actualidade, eis que, agora, faremos um percurso contrário: como falar de poesia, que é no fundo a poesia, quando lida por poetas de hoje? Lendo e dando a ler a melodia, a música das palavras, dando livre curso à imaginação, à palavra poética como palavra transfiguradora, falaremos, pois, de poesia. Assim, viajando no tempo das palavras, veremos (porque ler é ver) poemas de Ana Luísa Amaral, Irene Lisboa e Adília Lopes, Vasco Graça Moura, Nuno Júdice, Fernando Pinto do Amaral, Gastão Cruz, Fiama Hasse Pais Brandão, Luiza Neto Jorge, Maria Teresa Horta, João Rui de Sousa, António Ramos Rosa, Herberto Helder, Sophia de Mello Breyner, Jorge de Sena, Vitorino Nemésio, David Mourão-Ferreira, Mário Cesariny, Fernando Echavarría, Eugénio de Andrade, Alexandre O'Neill, Manuel Gusmão, Luís Quintais, Luís Miguel Nava, Carlos de Oliveira, Ruy Belo, Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro vendo a ideia de poesia e de poema em alguns textos destes autores. Falemos, assim, de poesia.
*
Professor de Literatura Portuguesa. Poeta e crítico literário.
Colaborador do Jornal de Letras e de revistas da especialidade, Relâmpago (Fundação Luís Miguel Nava) e Colóquio-Letras (Fundação Calouste Gulbenkian)
Publicou cinco livros de poesia, o último dos quais "Depois de Dezembro" (Licorne/ Casa do Sul, 2010)

14:30
De viva voz
Sala Luis de Freitas Branco Piso 1
Poetas e outras personalidades dizem poesia sua ou de outros.
Apresentação e coordenação
Elisabete Caramelo
Convidados Fernando Echevarría / Filipa Leal / Jaime Rocha / Armando Silva Carvalho / Pedro Mexia / Gastão Cruz / Pedro Tamen / Margarida Vale de Gato / Nuno Júdice / Miguel Manso / A. Dasilva O. / António Carlos Cortez

14:30
Maratona de Leitura

Sala Fernando Pessoa Piso 2
Seleção de poemas de Herberto Helder ditos por diferentes personalidades.
Apresentação e coordenação Pedro Lamares
Convidados António Mega Ferreira / Paula Morão / Isabel Alçada / Fernando Pinto do Amaral / Gabriela Canavilhas / Paulo da Costa Domingos / Lídia Jorge / Maria João Seixas / Diana Pimentel / Inês Fonseca Santos / Filipa Leal / Diogo Dória

14:30 - 16:30
Conferências
Sala de Leitura Piso 1
14:30 > Diana Pimentel
Grande plano, montagem, ar falado: o macropoema de Hérberto Hélder

16:30 > Gil Heitor Cortesão
“Harmonizam-se os sons, os perfumes e as cores” (Charles Baudelaire, As flores do mal)
Gil Heitor Cortesão aborda a questão das correspondências entre as artes visuais e a literatura, destacando a originalidade e “excentricidade” de Mário Botas.

15:30
Rodrigo Amado
Un Certain Malaise
Sala Almada Negreiros Piso 2
Rodrigo Amado (músico e fotógrafo) constrói uma narrativa imaginária com música e imagens em torno da temática de Os Passos em Volta e do próprio universo pessoal de Herberto Helder.
Rodrigo Amado Saxofone e imagens
Gabriel Ferrandini Bateria

17:30
Social Smokers
Magnetic Poetry
Sala Almada Negreiros Piso 2
Os Social Smokers aproveitaram o 1º Concurso de Poetry Slam, realizado em Portugal, para encetar um projecto transversal de spoken word, música e imagem. O espetáculo apresenta diversas criações do seu primeiro disco, editado em Portugal. A formação reúne: Silva o Sentinela, Jorge Vaz Nande e Biru nas vozes e autoria dos poemas e Alex Cortez no baixo, programações, teclados e composição musical. Os Social Smokers contam habitualmente com a participação de José Lencastre (saxofone), Sérgio Costa (guitarra e teclados), Ivo Palitos (bateria e percussões) e João Pedro Gomes (vídeo).

Social Smokers
Magnetic Poetry

Exposição de Fotografias de João Silveira Ramos
Foyer da Sala Almada Negreiros Piso 2
Para assinalar o Dia Mundial da Poesia, os Social Smokers e a Galeria Monumental, com o apoio do CCB, promovem esta exposição sobre o tema “Magnetic Poetry”.
Projeto apoiado pelo Festival Silêncio!


Para consultar o programação completa: http://www.ccb.pt/sites/ccb/pt-PT/Programacao/Literatura/Pages/DIAMUNDIALDAPOESIAMAR2011.aspx

13/03/2011

O Número 4 da Revista Piolho

«Tu numeris elementa ligas» Dragonetti




Com as participações de Erberto H. Elder, Vasco Desgraça, António Lobo de Carvalho, Joël Basso, Pedro de Melo Fonseca, Miguel Oliveira, Joaquim Barlavento, Charles B. Trak, Atília Oops, Mário de Sá Cordeiro, Doutor Três Pescoços, Jonh Resistence, Phil Lupi , Joe Texas, Jorge Barros, Oliveira Martins Roxo, ARL, Emanuel Frieiras, Animal Licorne, Lurdes Terracota, (ilustrações), Grupo Porteño,Pedro Calcoen, Jack B. Daniels

número dedicado à heteronomia. Março 2011

Coordenado por Sílvia C. Silva, Meireles de Pinho (capa e arranjo gráfico), Fernando Guerreiro e A. Dasilva O.

Da luta...

foto tirada por Ana Ulisses

05/03/2011

Foi mais ou menos assim...


Segunda série das jornadas Galego Portuguesas da Edição
Independente... Até dia 18 de Março.

Livraria Gato Vádio em 26-03-2011

Alguns oradores a partir da esq. (Mula, Edições Mortas + Madame Best Seller aka Krida, Estaleiro Editora e Oficina do Cego)

28/02/2011

Novidades das Edições 50kg

Encontra-se no prelo (literalmente), e em fase final... o novo livro de poesia das Edições 50kg.

Brevemente anunciar-se-à, aqui, a data e o local de lançamento bem como onde o poderá adquirir

(clicar na imagem para aumentar)


27/02/2011

Foi mais ou menos assim...



O doutor Avalanche abriu consultório* em Braga na Livraria Capítulos Soltos (Rua de Santo André, 93 r\c).

(Rui Manuel Amaral e Luís Morão) Clicar para aumentar a imagem



*Esta informação não se destina a delegados de propaganda médica.

06/02/2011

Foi mais ou menos assim...


LANÇAMENTO DA REVISTA PIOLHO N.º 3

(José Carlos Soares e A. Dasilva O.)

(Jorge Velhote a ler poemas de José Carlos Soares )


Entrevista a A. Dasilva O.
A poesia suja de um homem apaixonado dos insectos
por Francisco Mangas na secção GENTE no DN de 5-02-2011

Herberto Helder, sem querer, publica para alfarrabistas, acusa o responsável das Edições Mortas. O editor volta à "trincheira" com a 'Piolho', revista de poesia que não é produto

Como pode a frágil poesia reocupar o lugar de combate e o lado conspirativo? Numa revista despojada, que circula de mão em mão, gesto de clandestinidade à luz do dia. Eis a proposta de A. Dasilva O., velho agitador urbano, que admira a "resistência" dos insectos. A revista chama-se Piolho por esse motivo, e por um outro: o projecto foi concebido (com algum pecado, por certo) no café portuense que tem o mesmo nome.

"Regressamos à trincheira", proclama o poeta e director da nova publicação. Uma trincheira de palavras feita revista, como noutros tempos de combate e generosas utopias. Sendo assim, renega-se o gosto oficial, padronizado. "Criamos uma revista suja em termos de poesia", ponto de encontro e partilha de "várias gerações de escritores".

A Piolho propõe o combate. E, ao mesmo tempo, assume-se como lugar de sobrevivência da poética. Livre, insubmissa. Hoje, "as editoras oficiais recusam a poesia: não é produto, não vende", acusa A. Dasilva O. Recentemente, refira-se, um dos mais importantes editores portugueses decretou o fim da poesia: os poetas, se quiserem, mandam imprimir meia dúzia de exemplares para os amigos, e mais não será necessário - disse.

Nos prosaicos dias que correm, na opinião do coordenador da Piolho, apenas Herberto Helder fura o bloqueio e apresenta tiragens aceitáveis. No entanto, involuntariamente, o autor de A Cabeça entre as Mãos "publica para alfarrabistas, que esgotam a edição em poucos dias: estão à espera que o poeta morra para, depois, vender primeiras edições esgotadas".

Co-fundador da Caos, uma das primeiras rádios livres do Porto, A. Dasilva O., na poesia, ou António S. Oliveira quando a mão lhe descai para a prosa, desenvolveu diversos projectos editoriais ao longo das últimas três décadas. Criou e editou revistas como a Marquesa Negra , Última Geração ou a Voz de Deus. É responsável das Edições Mortas, editora agora quase em pousio, porque trabalhava com "cerca de 400 livrarias e outros postos de venda" que, entretanto, fecharam na sua maioria e "não pagam nem devolvem os livros".

O mesmo destino teve a sua própria livraria. A paixão dos insectos e dos livros levou-o a abrir a Pulga, no Porto, onde apenas havia espaço para obras de pequenas editoras. O projecto era mais vasto: pretendia o livreiro-poeta incentivar outros pequenos editores a abrirem a Pulga em Braga, Coimbra, Lisboa e no Algarve. A frenética ideia quedou pelo caminho. Fica na penumbra a Pulga, emerge a Piolho - "poesia suja" em capa branca, imaculada.

Uma publicação para "honrar o passado combativo, refractário e de conspiração" das revistas dos anos 60 e 70, "feitas em stencil , que circulavam debaixo das mesas". Nasceu no histórico Piolho,porque os sobreviventes cafés à moda antiga na cidade devem recuperar o espírito combativo de outrora, "partindo de conflitos estéticos".

Antes do Piolho, o lugar conspirativo de A. Dasilva O. e do seu grupo - promotores das "Conferências do Inferno" e dos "Encontros do Maldito" - , era no Magestic, mas o conhecido e belíssimo café da Rua de Santa Catarina, após a remodelação, "virou-se contra o povo".

Há três anos, com outras editoras independentes, participou numa feira do livro, realizada na Faculdade de Letras do Porto. "Os sete mil alunos e respectivos professores desprezaram por completo a iniciativa, só se vendeu alguma coisa a estudantes italianos. A verdadeira iliteracia está na Universi- dade". Mas o homem das palavras persiste, como os insectos que admira. A poesia continua.


Mais informações e vídeo do lançamento em http://www.inculta.tv/

31/01/2011

Homenagem





Maria Aldina da Costa Neves Forte
(1939-2011)





Poema
Alguma coisa onde tu parada
fosses depois das lágrimas uma ilha,
e eu chegasse para dizer-te adeus
de repente na curva duma estrada

alguma coisa onde a tua mão
escrevesse cartas para chover
e eu partisse a fumar
e o fumo fosse para se ler

alguma coisa onde tu ao norte
beijasses nos olhos os navios
e eu rasgasse o teu retrato
para vê-Io passar na direcção dos rios

alguma coisa onde tu corresses
numa rua com portas para o mar
e eu morresse
para ouvir-te sonhar

António José Forte




30/01/2011

Para fazer uma ponte...


(clicar na imagem para ampliar)


TRANSFIGURAÇÃO

DEIXA-ME adormecer e não perguntes nada.
O mundo foi brutal e a vida comprida
nos seus desenganos de coisa perdida.

Deixa-me ficar nesta atitude sem gestos.
Leva para trás a hipocrisia das falas:
o silêncio é um corredor que vai dar a muitas salas.

E agora vai-te embora que eu quero ser sòzinho.
A morte não tarda e eu hei-de recebê-la
tão grave como o céu perante uma nova estrela.

Alberto de Lacerda in "Cadernos de Poesia", Lx, 1951.

(clicar na imagem para ampliar)