Ex-administrador do Facebook diz que redes estão a
destruir o funcionamento da sociedade
Ana S. Ferreira
12 Dezembro 2017 às 20:54
Ex-administrador do Facebook diz que redes estão a destruir o funcionamento
da sociedade
Chamath Palihapitiya, ex-diretor
executivo da rede social Facebook, admitiu sentir-se "tremendamente
culpado" por ter participado na construção de uma ferramenta que está
agora a "destruir a forma como a sociedade funciona".
Palihapitiya, que foi também foi
vice-presidente do departamento de utilizadores do Facebook até 2011, ano em
que saiu para criar a sua própria empresa de investimento em capitais de risco
na educação e na saúde, disse acreditar que o "os ciclos de
retro-alimentação a curto prazo, impulsionados pela dopamina que criamos, estão
a destruir o funcionamento da sociedade". São desprovidos de qualquer
"discurso civil", com "informações erradas e inverdades".
Como vice-presidente, Palihapitiya tinha
a função de gerir e aumentar o número de utilizadores da rede social. "No
fundo, todos sabiam que algo mau poderia acontecer". E o problema,
acrescentou, "não é americano nem está relacionado com as mensagens
patrocinadas pela Rússia. É global".
Na palestra, feita no mês passado na Stanford
Business School mas só agora noticiada pelo site especializado em tecnologia
"The Verge", Palihapitiya pediu à audiência que descansasse das redes
sociais: "Encorajo-vos, todos, a interiorizar a gravidade do
problema", disse. "Se alimentarem a besta, ela irá
destruir-vos".
"Vocês não se apercebem, mas os
vossos comportamentos estão a ser programados", avisou, defendendo que as
redes sociais estão a "danificar as bases fundamentais de como as pessoas
se comportam e se relacionam".
Admitindo que não tem uma boa solução
para resolver o problema, assume que ele próprio não usa a sua página de
Facebook. Sem papas na língua: "Eu não uso esta merda e não permito que os
meus filhos usem esta merda". Contudo, não deixou de realçar que o
Facebook tem pontos positivos e garantiu que o dinheiro que lhe pagaram pelo
trabalho que fez na empresa irá ser usado no apoio a causas mundiais.
As declarações de Palihapitiya
seguiram-se às de Sean Parker, presidente fundador do Facebook, que, também no
mês passado, criticou duramente a empresa por "explorar a vulnerabilidade
da psicologia humana", criando uma "contínua alimentação da validação
social".