S.
Martinho de Mouros, 8 de Outubro
de 1946 –
Depois de uma
pietá no convento de Cárquere a chorar o filho, uma tela na igreja
românica desta terra, com um S. Martinho a dividir a capa. O
catolicismo banalizou o bispo
de Tours de báculo e mitra, mas os artistas persistem
na visão de um homem bom (semi-bom, afinal) a repartir a capa com o
semelhante. Talvez não seja muito edificante a parcimónia do gesto.
Os artistas, porém, sabem até onde o humano é legítimo e santo.
Dar metade da capa, é um nobre gesto de solidariedade. Dar a capa
inteira e ficar nu, é proibido pela polícia.
Miguel Torga,
“Diário IV”,
pp.
16-17,
1953,
Coimbra.
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