HOMENAGEM A EDDINGTON
A
juventude dizia: Eu quero viver. A
velhice dizia-o também. A juventude dizia: Vamos
matar a velhice. A velhice dizia: A
juventude mata-me. Mas, no fundo, era a velhice que matava a juventude com
a astúcia lenta dos chineses.
¶
O
presente mantinha-se de pé, chamavam-lhe futuro e passado, ontem e amanhã.
Sacrificavam-lhe homens e actos. E ele digeria tudo com o seu ventre repleto de
astros mortos.
¶
O homem
dizia: Estou preso entre quatro muros.
E o tempo e o espaço diziam: Está livre,
meu amigo, está livre. Não vê? Não vê que falta o quarto muro?
Jean Cocteau, “Tanta Coisa Para Dizer”, p.16, Língua Morta,
2012.
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