6. NOITINHA Seca a saliva à boca do dia, seca,
nem para colares um selo no postal a tua mãe
e o pó colado às unhas e aos olhos
como o amargor à pele da memória.
Subimos-e-descemos a montanha
carregando às costas a pedra e a morte
sob a injúria e o chicote,
cantámos a água e a pedra,
a vida e a morte – acostumámo-nos,
minorou o infortúnio,
até mesmo a raiva minorou,
somente a determinação não minorou.
Por entre a picareta e a pá da noite
repousam os camaradas
com os dentes cerrados,
com o punho por travesseiro.
Giánnis Ritsos, “Antologia”, ed. Fora do Texto, pág.63, Coimbra, 1993
Tradução de Custódio Magueijo
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