116 - Alexandre (António Franco); Pereira (Hélder Moura; Jorge (João Miguel Fernandes) & Magalhães (Joaquim Manuel). - Cartucho. - Lisboa: ed. autores, 1976. - 21 ff.; 215 mm.
Originalíssima edição limitada contendo poemas “amarrotados” de António Franco Alexandre, Hélder Moura Pereira, João Miguel Fernandes Jorge e Joaquim Manuel Magalhães. Peça de composição artesanal, provavelmente pelos próprios autores, cujos materiais - cartuchos, cordel e chumbos - foram oferecidos pelo Pai de João Miguel Fernandes Jorge. A concepção deve-se a Joaquim Manuel Magalhães. Cada um dos quatro poetas participou nesta publicação com cinco poemas, no total de 20 folhas impressas de um só lado, às quais se acrescentou ainda uma folha de rosto contendo os nomes dos autores, lugar e data de publicação. O papel comummente atribuído ao «Cartucho» é comparável ao de Poesia 61, facilitando a apreensão dos novos caminhos que se desenhavam para a poesia portuguesa na década de 70. O principal impacto do lance vanguardístico de «Cartucho» foi a estranheza que causou aos leitores devido ao amassamento dos poemas. O leitor é desafiado a posicionar-se diante de poemas amarrotados na sequência de uma tradição inscrita na modernidade por Baudelaire. Obra plurisignificativa, o «Cartucho» pode sinalizar correspondência colectiva, depósito de balas de revólver, explosivo, dessacralização, perda de aura do literário, ludismo ou festa (cartucho de fogo de artifício), etc. Famosa ficou a expressão de Fiama tratando a obra como “aquilo”. Objecto não-livro, as folhas amassadas veiculam as ideias de multiplicidade, fluidez, fragmentação, descentramento, escrita em companhia, escrita do prazer. Raríssimo.
Originalíssima edição limitada contendo poemas “amarrotados” de António Franco Alexandre, Hélder Moura Pereira, João Miguel Fernandes Jorge e Joaquim Manuel Magalhães. Peça de composição artesanal, provavelmente pelos próprios autores, cujos materiais - cartuchos, cordel e chumbos - foram oferecidos pelo Pai de João Miguel Fernandes Jorge. A concepção deve-se a Joaquim Manuel Magalhães. Cada um dos quatro poetas participou nesta publicação com cinco poemas, no total de 20 folhas impressas de um só lado, às quais se acrescentou ainda uma folha de rosto contendo os nomes dos autores, lugar e data de publicação. O papel comummente atribuído ao «Cartucho» é comparável ao de Poesia 61, facilitando a apreensão dos novos caminhos que se desenhavam para a poesia portuguesa na década de 70. O principal impacto do lance vanguardístico de «Cartucho» foi a estranheza que causou aos leitores devido ao amassamento dos poemas. O leitor é desafiado a posicionar-se diante de poemas amarrotados na sequência de uma tradição inscrita na modernidade por Baudelaire. Obra plurisignificativa, o «Cartucho» pode sinalizar correspondência colectiva, depósito de balas de revólver, explosivo, dessacralização, perda de aura do literário, ludismo ou festa (cartucho de fogo de artifício), etc. Famosa ficou a expressão de Fiama tratando a obra como “aquilo”. Objecto não-livro, as folhas amassadas veiculam as ideias de multiplicidade, fluidez, fragmentação, descentramento, escrita em companhia, escrita do prazer. Raríssimo.
Retirado daqui (blog da Tertúlia Bibliófila)
1 comentário:
Surpreendo-me ao ver nos comentários sobre Cartucho a reprodução de um texto de minha autoria, inserido no livro "Portugal, poetas do fim do milênio" (Rio de Janeiro : Sette letras, 1999,34-45). A correta citação deve pautar-se antes de mais nada por critérios éticos. (Edgard Pereira, Belo Horizonte, Brasil)
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