INFORMAÇÕES
SOBRE A MUSA
Musa
pegou no meu braço. Apertou.
Fiquei
excitadinho pra mulher.
Levei
ela pra um lugar ermo (que eu tinha que fazer uma lírica):
– Musa, sopre de leve em meus ouvidos a doce
poesia,
a de
perdão para os homens, porém… quero seleção, ouviu?
– Pois
sim, gafanhoto, mas arreda a mão daí que a hora é imprópria, sá?
Minha
musa sabe asneirinhas
Que
não deviam de andar
Nem na
boca de um cachorro!
Um dia
briguei com Ela
Fui
pra debaixo da Lua
E pedi
uma inspiração:
– Essa
Lua que nas poesias dantes fazia papel principal, não quero nem pra meu cavalo;
até logo, vou gozar da vida; vocês poetas são uns intersexuais…
E por
de japá ajuntou:
–
Tenho uma coleguinha que lida com sonetos de dor de corno; por que não vai
nela?
Manoel
de Barros in “Poemas Concebidos Sem Pecados”, 1937.