29/08/2013

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INFORMAÇÕES SOBRE A MUSA

Musa pegou no meu braço. Apertou.
Fiquei excitadinho pra mulher.
Levei ela pra um lugar ermo (que eu tinha que fazer uma lírica):
 – Musa, sopre de leve em meus ouvidos a doce poesia,
a de perdão para os homens, porém… quero seleção, ouviu?
– Pois sim, gafanhoto, mas arreda a mão daí que a hora é imprópria, sá?
Minha musa sabe asneirinhas
Que não deviam de andar
Nem na boca de um cachorro!
Um dia briguei com Ela
Fui pra debaixo da Lua
E pedi uma inspiração:
– Essa Lua que nas poesias dantes fazia papel principal, não quero nem pra meu cavalo; até logo, vou gozar da vida; vocês poetas são uns intersexuais…
E por de japá ajuntou:
– Tenho uma coleguinha que lida com sonetos de dor de corno; por que não vai nela?

Manoel de Barros in “Poemas Concebidos Sem Pecados”, 1937.

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