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23/11/2011

Grave, Greve, Grive, Grove, Groove...



CANTIGA DO ÓDIO

O amor de guardar ódios
agrada ao meu coração,
se o ódio guardar o amor
de servir a servidão.
Há-de sentir o meu ódio
quem o meu ódio mereça:
ó vida, cega-me os olhos
se não cumprir a promessa.
E venha a morte depois
fria  como a luz dos astros:
que nos importa morrer
se não morrermos de rastros?

Carlos de Oliveira, in «Mãe Pobre», Coimbra Editora, 1945.

Óleo de Mário Dionísio
(…)
Sim, nós
que depois viemos,
nós, homens dispersos
que a tua voz esperou
e reuniu, recebemos o teu
amor de guardar ódios
se o ódio guardar o amor
de servir a servidão; sim.
Sim, nós homens de hoje e de aqui
de novo dispersos, depois
de um tempo reunidos,
acolhemos dos teus versos
o envio da beleza
magoada e a dor do pensamento.
Aos ombros, cegos, e de cor,
contigo, arrastamos os tempos
e incendiando a treva
incendiaremos o dia

Manuel Gusmão in «A terceira Mão», Caminho, 2007.