Coimbra,
8 de Dezembro de 1933
– Médico.
Conforme a tradição, mal o bedel disse que sim, que os lentes
consentiam que eu receitasse clisteres à humanidade, conhecidos e
desconhecidos rasgaram-me da cabeça aos pés. Só deixaram a capa. E
aí vim eu pelas ruas fora o mais chegado possível à minha própria
realidade: um homem nu, envolto em três metros de negrura, varado
de lado a lado por um terror fundo que não diz donde vem nem para
onde vai.
Miguel
Torga, “Diário I”, pág. 11,
1941, Coimbra.
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