“Para
uma pequena filosofia do Natal
Ao
separar a correspondência, o carteiro encontrou várias cartas
dirigidas ao Pai Natal. Como não tinham endereço, ficaram por
distribuir. Desejos não endereçados não chegam ao céu!
Resolveu
fazer Natal todo o ano. Quando o trataram de maluco,
perguntou-respondeu candidamente: – Então o pinheiro não é
árvore sempre verde?
Encontrou
no sapatinho uma guilhotina de brinquedo.
À
porta da loja de brinquedos, o Pai Natal já não podia com o frio.
Um senhor teve pena dele e pagou-lhe um copo num bar vizinho.
Proposta
(rejeitada) de um vereador amigo da natureza: fazer árvores de Natal
nos pinhais (com pinheiros não cortados, evidentemente).
Todos
os lugares deveriam ser santos no Natal.
Pelo
Natal, um pequeno industrial arruinado decidiu relançar o seu talco
invendável sob uma nova marca: NATALCO. «Mas é a pior altura do
ano para se vender talco!», disse-lhe um amigo. «Não. É agora que
os armazenistas fazem os seus estoques de Verão»», respondeu-lhe o
industrial. E cada um parecia muito seguro do que afirmara. Eu
pensava nos refegos dos bebés…
O
mais triste do após-Natal: pinheirinhos, às portas das casas, como
adereços imprestáveis.
Estão à espera de uma graça sobre o Natal e a gasolina, não
estão? Então esperem…
– Que tens tu?
– Nada. É Natal.”
Alexandre
O’Neill. In
“Capital”, 20 de Dezembro de 1973.
Sem comentários:
Enviar um comentário