“Então chegaram a minha
casa e disseram-me:
– Mas você não consegue
escrever coisas compridas! Isso que faz é uma miséria.
– Coisas compridas como?
– Bem, romances, crónicas
autênticas, ensaios sólidos.
– Não, isso não sou capaz.
– Então você não é um
escritor.
– Pois não. Quem se atreveu
a chamar-me tal coisa? – aí é que me ia encanzinando.
– Não é ofensa, desculpe.
Mas uma coisa comprida, por favor, não arranja?
– Olhe, o mais comprido que
tenho é isto. e já foi muito difícil. Quando as coisas vão a
ficar maiores, deito logo fora. Compreende, não é?”
Mário-Henrique Leiria,
“Contos do Gin-Tonic”, pág. 52, Editorial Estampa, 2. ª ed.,
1976.
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