20/01/2019

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“O meu melhor professor de Literatura, António Bragança, no desaparecido Colégio Almeida Garrett, do Porto, costumava contar-nos uma esclarecedora história. Um célebre escritor português, penso que Eça, estava em Paris no pino do Inverno. Lia atentamente um romance cuja trama se desenrolava nos trópicos e levando tanta caloraça no enredo que chamou o garçon pedindo-lhe um refresco gelado. Ante o espanto do empregado a ver a neve cair no exterior, a alma do livro apoderava-se do enlevado leitor que desapertava a camisa transpirando. Enquanto o relógio dava as horas habituais da parede e os cafés e croissants cumpriam o ritmo de saída de todos os dias e meses, por uma pequena friesta de umas dezenas ou centenas d2e páginas impressas entrava o fulgurante clima africano no café de Paris no centro do Inverno.”
Manuel Hermínio Monteiro. In “Ler – Livros & Leitores”, n.º 25, Inverno de 1994.

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