“O meu melhor professor de Literatura, António Bragança, no
desaparecido Colégio Almeida Garrett, do Porto, costumava contar-nos
uma esclarecedora história. Um célebre escritor português, penso
que Eça, estava em Paris no pino do Inverno. Lia atentamente um
romance cuja trama se desenrolava nos trópicos e levando tanta
caloraça no enredo que chamou o garçon pedindo-lhe um
refresco gelado. Ante o espanto do empregado a ver a neve cair no
exterior, a alma do livro apoderava-se do enlevado leitor que
desapertava a camisa transpirando. Enquanto o relógio dava as horas
habituais da parede e os cafés e croissants cumpriam o
ritmo de saída de todos os dias e meses, por uma pequena friesta de
umas dezenas ou centenas d2e páginas impressas entrava o fulgurante
clima africano no café de Paris no centro do Inverno.”
Manuel
Hermínio Monteiro.
In
“Ler – Livros & Leitores”, n.º 25, Inverno de 1994.
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