29/11/2018

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E em 1942 os representantes da Cruz Vermelha suíça ficaram a saber das câmaras de gás nos campos de concentração mas decidiram não publicar a notícia porque temiam que os Alemães poderiam abusar disso como pretexto para desacreditar as organizações humanitárias e vedar-lhes o acesso aos campos de prisioneiros e hospitais. E em 1944 os Alemães rodaram para os representantes da Cruz Vermelha e diversas comissões internacionais um documentário sobre a vida no campo de concentração de Terezín. No filme entraram 270 actores e 1600 crianças e vários milhares de figurantes adultos dos quais se excluíram à partida os de cabelo claro porque não tinham um ar suficientemente judeu. O título do filme era QUE BEM QUE SE ESTAVA EM TEREZÍN e neles os judeus iam ao café e cultivavam legumes em pequenas hortas e saltavam à água de cabeça na piscina e iam ao banco levantar dinheiro e aos correios para receber encomendas e escutavam óperas e na biblioteca local debatiam sobre o sentido da civilização europeia. E quando as filmagens terminaram os Alemães organizaram onze transportes especiais e mandaram todos os que participaram no filme para o campo de extermínio em Auschwitz.”

Patrik Ouředník, “Europeana – uma breve história do século XX”, pp. 64-5, Antígona Editores Refractários, Lisboa, 2017.

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