31/10/2018

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Louis Aragon (1897-1982)

Estamos em 1927. Ano obscuro, suspeito, e os campos sinistros onde o olho do homem salta como um sapo vêem-se inundadados de paradoxos, tresandam a cadáveres mentais. Daqui me dirijo pela voz aos governos: Governos… mas em vão o faço, não pensam senão no bife que já deve estar servido. Andaram o ano inteiro a encher a pança com chineses, agora dói-lhes a barriga e entregam-se a fúteis disputas palitadas a respeito de amotinados grevistas. Dirijo-me pois à juventude, mas olhem-me só para isto, como a juventude aguenta o ramerrão do mundo. Cagarolas como nunca. Descobriram o esquema. Lá estão eles pacificamente sentados no meio das máquinas infernais.”

Louis Aragon, “Tratado do Estilo”, pp. 50-1, Antígona Editores Refráctarios, Lisboa, 1995. Trad: Júlio Henriques.

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