Louis Aragon (1897-1982) |
“Estamos
em 1927. Ano obscuro, suspeito, e os campos sinistros onde o olho do
homem salta como um sapo vêem-se inundadados de paradoxos, tresandam
a cadáveres mentais. Daqui me dirijo pela voz aos governos:
Governos… mas em vão o faço, não pensam senão no bife que já
deve estar servido. Andaram o ano inteiro a encher a pança com
chineses, agora dói-lhes a barriga e entregam-se a fúteis disputas
palitadas a respeito de amotinados grevistas. Dirijo-me pois à
juventude, mas olhem-me só para isto, como a juventude aguenta o
ramerrão do mundo. Cagarolas como nunca. Descobriram o esquema. Lá
estão eles pacificamente sentados no meio das máquinas infernais.”
Louis
Aragon, “Tratado do Estilo”, pp. 50-1, Antígona Editores
Refráctarios, Lisboa, 1995. Trad: Júlio Henriques.
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