25/05/2018

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“Uma accasião, em Paris, entrei numa barraca de feira onde se exhibia uma phoca e uma mulher de barbas. A mulher era um homem, de vestido decotado, a phoca era um cão, coberto com a pelle do animal em questão, e nadando num pequeno tanque. Uma coisa sem graça. Quando sahi, o dono da barraca, dizia, apontando-me: «Perguntem a este senhor se vale ou não a pena, vêr estas maravilhas! Senhores, senhores, entrae, entrae!» Não posso explicar o motivo, porque me teria sido desagradável desmentir esse homem. Era sobre sobre esse facto que elle contava. Succede o mesmo com os desilludidos da lua de mel: não querem destruir o sonho dos outros.”

Leão Tolstoi, “A Sonata de Kreutzer”, pág. 47, Guimarães & C.ª Editores, trad. Maria Benedicta Pinho, s/d.

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