“Uma
accasião, em Paris, entrei numa barraca de feira onde se exhibia uma
phoca e uma mulher de barbas. A mulher era um homem, de vestido
decotado, a phoca era um cão, coberto com a pelle do animal em
questão, e nadando num pequeno tanque. Uma coisa sem graça. Quando
sahi, o dono da barraca, dizia, apontando-me: «Perguntem a este
senhor se vale ou não a pena, vêr estas maravilhas! Senhores,
senhores, entrae, entrae!» Não posso explicar o motivo, porque me
teria sido desagradável desmentir esse homem. Era sobre sobre esse
facto que elle contava. Succede o mesmo com os desilludidos da lua de
mel: não querem destruir o sonho dos outros.”
Leão
Tolstoi, “A Sonata de Kreutzer”, pág. 47, Guimarães &
C.ª Editores, trad. Maria Benedicta Pinho, s/d.
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