18/12/2017

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“E agora uma nota derradeira: Ha dias, um jornal do Japão dava a seguinte noticia aos seu leitores:

            “Entre os sete  estudantes chinezes, chegados a Tokio ultimamente, conta-se um descendente, do sexo feminino, de Confucius.”

            Não vos parece, leitor, extremamente emocionante o caso d’estas noticias actuaes, referidas aos parentes de um homem que viveu ha vinte e quatro seculos, e que já ia contando antepassados remontando a uns mil annos atrazados?… No Extremo-Oriente, em verdade, não desperta isto muito espanto. Aqui, pelo amor da tradição, pelo respeito dos avós, pela religião do lar, a memoria perpetúa a linhagem das familias. Pelo contrario, no Occidente, os tempos tudo apagam; a vida de hoje afoga-se amanhã no esquecimento. Imaginem como seria recebida uma noticia n’estes termos, lida nas folhas europeias: – “Uma prima de Socrates acaba de chega a Torres Vedras, onde vem aprender a lêr pelo methodo de João de Deus…?” – Desatava toda a gente às gargalhadas!…, Ai, pobres mortos, os nossos pobres mortos, os mortos do Occidente!...”

 

Wenceslau de Moraes, “Cartas do Japão”, pág. 147, Imprensa de Portugal-Brasil, s/d, Lisboa.

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