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Temos as nossas
noites insones…
Os poetas conclamam
a verdade,
e talvez até
profetas,
porque temos de
esmagá-los
contra uma parede de
chamas?
No entanto os poetas
são inermes,
a álgebra doce do
nosso destino.
Têm um corpo para
todos
e uma memória
universal,
porque devemos
extirpá-los
como se desarreigam
ervas impuras?
Temos as nossas
noites insones,
mil penosas ruínas
e a palidez dos
êxtases do entardecer,
temos bonecas de
fogo
como Copélia
e temos seus
túrgidos de mal
que nos infectam
corações e rins
porque não nos
rendemos…
Deixemo-los com a
sua linguagem, o exemplo
das suas vidas nuas
irá suster-nos até
ao fim do mundo
quando pegarem nas
trombetas
e tocarem para nós.
Alda
Merini, “A Terra
Santa”, pág. 95, Cotovia, 2004. Tradução
de Clara Rowland.
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