“…
Eu era um moço bisonho, quase donzel, nada estreado, digamos, no
entrecasco das coisas do mundo, ainda com a envide de rústico. Nem
colégios, seminário, pensões de Lisboa, embora nelas soprassem
forte as auras do mundo livre, me tinham arrancado para fora dos
alicerces de provinciano. Teoricamente eu estava em dia com o que
havia de mais progressivo no meu século. Mas a teoria só por si o
que vale? Que vale conhecer os movimentos da natação e nunca ter
entrado no mar? Conhecer os passes da esgrima e nunca ter pegado numa
espada? Eu era o incorruptível e inteiriço bárbaro, debruçado
cheio de sede para o rio da mundanidade, que corria ao fundo dum
socalco de mármore, fora do alcance.”
Aquilino
Ribeiro
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