COMO
SE FEZ O LUÍS
DE CAMÕES
Dum
velho engaço do meu avô roubei dos dentes
O
prego que na terra conquistaria
os continentes
E
por trás da escola no tempo do recreio grande
Tirei-o
das meias onde o levava – tipo sande.
Na
parede afiámo-lo para que espetasse fundo
E
c’o calcanhar da bota desenhei
o
mapa-mundo
Do
alto da
canalhice lembro-me de rimar com cu
A
caravana que passava em campanha pela APU
Eu
matutava – Moscovo, Jamaica ou Índia?
Tomando
cidades por países que confundia
E
enquanto me decidia a escolher o meu
país
Quem
já por ali arava terreno era o grande Luís
Chutava
as pedras para limpar o círculo na terra
E
as botas ensebadas não chegavam à Primavera
Cuspia
na mão porque afinava a pontaria
Cuspia
no chão porque a terra também bebia
Estava
o Luís a
unir
os furos do prego cravado de pé
Quando
me voltei acenando com a eureka da América
Vi
o Luís agarrado ao olho dizendo que ressaltou numa pedra
Oh
grande merda! Chamou-se professora e ambulância
Da
coça e castigo ganhei amnésia advento da circunstância
E
foi assim que
o Luís ficou um
Camões tal e qual
Repetente
até no país que
era sempre Portugal.
“No
Jogo das Nações, desenhava-se no chão um grande círculo,
simbolizando o globo universal. Dividia-se este círculo em nações,
tantas quantos os jogadores intervenientes. A ordem para cada jogador
jogar, era também a distância a que ficavam da linha traçada no
chão. Começava-se sempre no território ao lado, fosse da direita
ou da esquerda.
Por
cada espetadela, traçava-se uma linha conforme a inclinação do
espeto. O anexado escolhia a parte restante e saía do jogo quando no
seu território já não lhe cabia um pé. Por sua vez o jogador
quando perdia apagava todo o território conquistado, retornando à
fase inicial. Ganhava quem conquistava o Mundo todo”
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