“Conhecemos a temporalidade sequencial, o tempo ordenado em
extensão e duração, anterior às tele-imagens, à teletecnologia e à
temporalidade virtual, que indetermina a verdade, a representação e a realidade
das imagens. Contando pois com essa possibilidade e experiência da
sequencialização, Barthes pôde escrever em La
Chambre Claire. «Diz-se muitas vezes que foram os pintores que inventaram a
Fotografia (…). E eu digo: não, foram os químicos. Porque o noema “Isto
foi” só foi possível a partir do dia em
que uma circunstância científica (a descoberta da sensibilidade à luz dos sais
de prata) permitiu captar e imprimir directamente os raios luminosos emitidos
por um objecto diferentemente iluminado. A foto é literalmente uma emanação do
referente». O excerto informa-nos que a fotografia não escapa nunca à
circunstância da prova, porque não só
representa a realidade, como em suas visualizações transporta uma sua parcela.
De onde a fotografias, diz ainda Barthes, não é nem arte nem comunicação – ela
é referência, índice.”
Carlos Vidal, “Imagens Sem Disciplina”, pág.133, Vendaval, Lx, 2002.
Se o poema
analisasse
a própria oscilação
interior,
cristalizasse
um outro movimento
mais subtil,
o da estrutura
em que se geram
milénios depois
estas imaginárias
flores calcárias,
acharia
o seu micro-rigor.
Carlos de Oliveira in
Micropaisagem.
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