Domingo
irei para as hortas na pessoa dos outros,
Contente
da minha anonimidade.
Domingo
serei feliz – eles, eles…
Domingo…
Hoje é quinta-feira
da semana que não tem domingo…
Nenhum
domingo. –
Nunca
domingo. –
Mas
sempre haverá alguém nas hortas no domingo que vem.
Assim
passa a vida,
Subtil
para quem sente,
Mais ou
menos para quem pensa:
Haverá
sempre alguém nas hortas ao domingo,
Não no
nosso domingo,
Não no
meu domingo,
Não no
meu domingo…
Mas
sempre haverá outros nas hortas e ao domingo!
Álvaro de Campos, “Poesias”, Editorial Nova Ática,
p.58, 2007.
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