12/02/2013

«QUARTA-FEIRA DE CINZAS»...


Sonolências de palhaços,
Desvirgadas a chorar,
Olhos lentos, longos, lassos,
Serpentinas aos pedaços
Sonhos parados, cansaços,
Olhos de morta a cismar

– Pedaços de coisas mortas,
Esquecidos pelas portas –
Olheiras densas, cansadas,
Olhos de noites perdidas,
Serpentinas esmaiadas,
a baloiçar molemente,
E um frouxo riso murchando
Na boca de toda a gente.

António Pedro
in “Antologia Poética de António Pedro”, p.5,  Angelus Novus Editora, Braga, 1998.

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