OUTRA COISA
Apresentar-te aos deuses e deixar-te
entre sombra de pedra e golpe de asa.
Exaltar-te perder-te desconfiar-te
Seguir-te de helicóptero até casa
dizer-te que te amo amo amo
que por ti passo raias e fronteiras
que não me chamo Mário que me chamo
uma coisa que tens nas algibeiras
lançar a bomba onde vens no retrato
de dez anos de anjinho nacional
e nove de colégio terceiro acto
pôr-te na posição sexual
tirar-te todo o bem e todo o mal
esquecer-me de ti como do gato
(Londres, 1965)
Mário Cesariny, in «Antologia de Poesia Erótica e Satírica» (Natália Correia org. ), 5ªed. Antígona & Frenesi, Lisboa, 2008.
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