DIÁRIO DE HOJE
Eis o corpo buscando um vaso para o coração
- por ruas e travessas de silêncio:
p’los quatro cantos da mágoa -,
desfibrada a carne do Espaço…
- Eis o corpo no centro de um encontro,
encontro rasgado entre mãos
de um deserto aberto atá ao nada;
Transviado voo dentro de um eco –
mil paredes abatidas, cem mil casas…
Eis o corpo alargando as fronteiras
de um destino sem alvo e o mais incerto –
as mãos e a raiva perfurando a Terra!
Eis o corpo atravessado ao Tempo,
desfolhando a Rosa do Espaço.
Uma casa habito, porém lábil –
como se de neve e pólvora construída a sua base,
onde náusea acesa derretendo-a…
E eis o Cântigo Cirúrgico
que nenhum grito se abre e o seu pranto –
corpo corda ao vento na tensão de um arco,
harpa talvez de fogo (a de Heraclito) e ponto
no “Diário de Hoje” (amanhã abra-se).
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