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duro é o silêncio, e são os ossos duro
é também o veneno dos dias transparente,
e duro é o tempo mole
que nos anuncia o vento.
duro é o olho do homem, o olho do lince,
a coroa do rio, a ferida da flecha.
dura a madeira onde talharam corpo,
fizeram luz, silêncio pousou.
duras são as armas, as lâmpadas
do corpo.
duro é no sol o signo escorpião.
duro o senhor de quem me fiz cavalo.
duras são as maçãs no rosto breve
o soalho da luz
o pão dormido
duras
são as traves
de água
António Franco Alexandre in ‘Visitação’