E este solo é grama
E esta só é gramática
E este não limpa os
ângulos
E este purga num
bacio
E este suja as pegas
E este diz: faz logo
ritmos
E esta é uma má ‘triz
E este um leo pardo
E este animal de dó
acção
E este vende micro
copos
E este esteta copos
não tem
E este é um acaba
lista
E este cortou os
impulsos
E este é um és tá tu
to bem
E este é arisco
etílico
E este um plano
tónico
E esta é fêmea
efémera
E este macho machuca
E este ri actual
E este ri corda
E este é, se vero
E este é um rigor
morto
E este está na idade
da vontade
E este tem vontade de
ir da idade
E este amado ali
aleija
E este é o Mohamed de
Alijó
E este via a via
viável
E este nunca se viu
com outra
E este esbarra os
ares
E este só pára nos bares
E este é o novo que
vê o cú da galinha no ovo
E esta dobrou o
finado pró morto ficar vincado
E a este a musa
pôs-lhe as antenas
E este confia no que
vem de Atenas
E este é só
E esta é sã
E esta diz que amou
E este diz que não
amuou
E este ignora que é
ignorado
E este signore é do signo aquário
E este admite
demitir-se
E este de meter-se
submete-se
E esta é uma franga
E este um
ex-frangalhado
E este diz: subi num
pulo
E este diz que é
desci pulo
E este queixa-se da
lida
E esta de que não é
lida
E este professor diz:
já avaliou?
E este ex-professor
diz: Jávali!
E este lavra
E este, palavra!
E este viu a filha em
acção
E este não tem
filiação
E este quer vingar-se
E este já não vinga
E este quebra o
barulho
E este parte o
baralho
E este tem louvores
E este tem dores
E este perdeu-se no
deserto
E este perdeu-se na
dissertação
E este é do comércio
E esta é de comer no
cio
E este mica um livro
cómico
E este tem comics em micas
E este abusa das
palavras inocentes
E este usa palavras
que mataram
E este não cede um
milímetro da fórmula – milionário
E este é dos que cede
sempre, ó pra ele tão sedentário!
E este que veio à
boleia de Wyoming
E este estuda os
índios Pottawotomie
E este à noite lê o
Ginsberg
E este deita gin na
carlsberg
E este que leste?
E esta a Leste!
E este vende galos de
Barcelos aos ingleses
The
cock, the cock! The portuguese cock!
E este esteriliza
sentimentos nos dias cirúrgicos
E este no fundo tem
mantimentos pró fim do mundo
E este ouve os livros
no ipod
E este ouve gritos
mas não acode
E este é de
arrebatamento pueril
E este afia a língua
no esmeril
E este cobre-se de
façanhas
E este quer cozer
faianças
E este hesita por um
instante
E este foi Aki e traz
uma estante
E este coça o cú
E esta faz o Sudoku
E este mole é aqui
que verga
E este duro é daqui
que parte
E este é mestre em
mídias de arte
E este sendo nada não
está à parte
E este é do universo
universitário
E este parece que
saiu de um aviário
E este é o arruma dor
que faz rima:
Mais
um pópó pró pó!
E este tem encontros
do 1º grau na prima
Fica
na família não tenhas dó!
E este está preso na
rede social
E este tem 60 e um
curso profissional
E este só diante de
um juiz diz: Juro!
E este vai ao banco
renegociar a taxa de juro
E este ao Lobo
Antunes rouba as letras de médico
E este desde pequeno
que não toma o remédio
E este encenador
incinera a cena
E este confunde-me
com alguém e acena
E este dos programas
da televisão entope
E este faz lembrar os
telegramas: STOP!
RAR