(…)
Preparai os ouvidos e também os
olhos e o espírito se quereis ter valor para saber coisas que excedem tudo o
que a nossa civilização tem criado de mais extraordinário.
Proponho ainda como acto dos mais
revolucionários todas as perguntas ingénuas como: «O que é a Aurora Boreal?»
(pergunta de Georg-Christophe Lichtenberg a um anjo); como assim as perguntas
de angústia: «O que vem a ser a minha existência?» (pergunta de Karl Philips
Moritz a ele mesmo em estado de «labirinto»); como também a pergunta de
ansiedade: «Onde está o meu Amor?» ou «Por que não me mato?» (perguntas que
como se sabe resolvem uma à outra); e, ao mesmo tempo, um alerta contínuo
contra os nossos desejos e vontade. Todas as pessoas de quem tu não gostas
querem-te mal! Ou seja: querem o que tu não queres! Cada uma das nossas
atitudes é uma resposta aos problemas da nossas própria vida e um Anzol lançado
ao Destino – toma cuidado, pois, com o emaranhado invisível que te cerca e te
dirige!
Terminada esta pequena
comunicação resta-me pôr o problema no seu início.
Minhas Senhoras e meus Senhores:
António Maria Lisboa in 'Erro Próprio'