Com
a chegada do retrato de Maria-Luíza, em que êle vê «a expressão
de uma bela alma», Napoleão fica cada vez mais inflamado. Ao
general feliz, a filha dos Césares traz a frescura da sua mocidade.
Os
maiores mestres de Viena trabalharam no retrato da princesa. O
célebre Lampi, que nenhum artista moderno iguala na perfeição do
colorido, empregou todo o seu talento para lhe fixar os traços num
quadro a óleo. E um miniaturista reputado, Gérard, teve-a
igualmente como modelo.
Senhora,
Recebi
o vosso retrato. A imperatriz da Áustria teve a gentileza de mo
enviar. Parece-me ver nêle a expressão dessa bela alma que vos torna
tam querida de todos aqueles que vos conhecem e justifica tôdas as
esperanças que eu pus em Vossa Magestade. Amareis, Senhora, um
espôso que acima de tudo quere a vossa felicidade e cujos direitos
serão fundados sôbre a vossa confiança e sôbre os sentimentos do
vosso coração. Penso que estareis já muito perto da França e
espero-vos com impaciência.
NAPOLEÃO.
Paris, 20 de
Março. [1810]
Carlos de la Roncière, “Cartas de Napoleão a Maria-Luíza”,
p.18, Livraria Lello, Porto, Trad. Ramiro Mourão, 1935.