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21/11/2010

De Lapidar...


O
meu 1.º amor foi um caramelo
abri-lhe a boca e comi-lhe os dentes
tirei-lhe a pele e chupei-a
dei-lhe palmadinhas
e ele lambeu-me.
Depois amei a caixa de lata
que era azul e vermelha por fora e
dourada por dentro. Via-me nela
como num céu e a luz.
A voz da caixa.

Álvaro Lapa in Balança, Frenesi, 1985.


MÃOS

um mole cedia
macia era aquela pele que agarrava
os pêlos

Madalena no escuro
a melhor
a mais simples

no silêncio na pele agarrava
a minha
a dela
toda

calças
dedos
aplicados
enrolei

a mama toda aberta
os dedos depois
como nuvem

a palma e os dedos
por cima
sem forma

os dedos
um no outro tocando-se
de cima
de mim
redonda

no escuro
na vulva
cedendo

peles escorregando
líquido
largo

sob o dedo encontro
a carne

sentem pelos nós
as unhas
nascentes

minúsculas
chupando o dedo
as nádegas minúsculas

o dedo descaindo
apontado
exterior

Álvaro Lapa in Balança, Frenesi, 1985.





UM DIA

Encimento o tijolo para dentro
ouvindo um pio, no ar cinzento.
Junto ao solo observo ao longe,
o dia em roda.

Álvaro Lapa in Balança, Frenesi, 1985.

BIBLIOGRAFIA INCOMPLETA & sem catálogos:
  • Raso Como o Chão, Editorial Estampa, Agosto de 1977.
  • Porque Morreu Eanes, Editorial Estampa, Abril de 1978.
  • Barulheira, Edições &etc, 1982.
  • Balança, Frenesi, Abril de 1985.
  • Sequências Narrativas Completas, Assírio & Alvim, Setembro de 1994.