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01/02/2020

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«O Regicídio» por Alberto de Sousa
“– Diziam os jornais, meu patrão, que o arquiduque ficou cravado de balas como uma espumadeira. O assassino despejou todas as balas.
– Caramba! Anda-se depressa nesses negócios, senhora Muller. A rapidez é tudo. Eu, num caso semelhante, compraria uma browning. Parece não valer nada, é pequena como um brinquedo, mas com ela a senhora pode matar em dois minutos vinte arquiduques, sejam eles corpulentos ou magros. Aqui para nós, senhora Muller, há sempre mais probabilidade de acertar num arquiduque corpulento do que num arquiduque magro. Teve-se a prova em Portugal. A senhora lembra-se dessa história do rei varado de balas? Era também do género do arquiduque, corpulento como tudo. Ora bem, senhora Muller, eu agora vou ao meu restaurante O Cálice. Se alguém vier buscar o rafeiro – já recebi uma prestaçãozinha por conta –, a senhora fará o favor de lhe dizer que o animal se encontra no meu canil de campo, que acabo de lhe cortar as orelhas e não está em condições de viajar enquanto não cicatrizarem; poderia apanhar frio. Entregue a chave à porteira.”

Jaroslav Hasek, “O Valente Soldado Chvéĭk”, pág. 14, Portugália Editora, Lisboa, s/d. Trad. Alexandre Cabral. Capa de Paulo Guilherme.