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22/03/2015

Diz o vereador da Cultura do Porto que para o ano o tema da cidade é a felicidade!...


“Uma variante do fenómeno da negação é a ideia de que mudar as palavras também muda os factos. Para os Americanos, a palavra «problema» é tabu. Presentemente, chama-se «desafio» a qualquer situação que antes mereceria a primeira designação. Problemas, é coisa que não existe, pelo menos nos Estados Unidos. A palavra «fascismo» também é tabu na Europa no que diz respeito aos movimentos políticos actuais. Há a extrema-direita, o conservadorismo radical, o populismo, o populismo de direita, mas o fascismo... não! Não, é impossível, já não temos disso, vivemos em democracia, parem de ser alarmistas e de ofender as pessoas!
Em 1947, Albert Camus termina o seu romance A Peste, uma alegoria do fascismo, comentando que o médico não pôde juntar-se à celebração posterior ao anúncio oficial de que o reino da peste havia terminado. «Porque ele sabia o que esta multidão eufórica ignorava e se pode ler nos livros: o bacilo da peste não morre nem desaparece nunca, pode ficar dezenas de anos adormecido nos móveis e na roupa, espera pacientemente nos quartos, nas caves, nas malas, nos lenços e na papelada. E sabia também que viria talvez o dia em que, para desgraça e ensinamento dos homens, a peste acordaria os seus ratos e os mandaria morrer numa cidade feliz.»"

Rob Riemen, “O Eterno Retorno do Fascismo”, pp. 11-2, Bizâncio, 2012.