Leiria,
6 de Agosto de 1939
– Sparkenbroke.
Nada que se compare com The Fountain;
mas ainda assim uma grande coisa. Tinha há pouco acabado de fazer
uma leitura do Eça, numa necessidade imperiosa de Europa nesta nossa
cardenha das letras. Apesar daquela debilidade almofadada de ironia,
fiquei em relativa paz. A cabo, ao cabo, O Crime do Padre
Amaro não ficava mal de todo ao
lado de Madame Bovary.
Mas, por graça ou desgraça, a Europa nem começa em Leiria, nem
acaba em Yonville. Depois de se ler um inglês deste tamanho, é que
se vê bem que, quando toca mesmo a quebrados cá na literatura, as
autênticas fronteira dela são os montes Urais e o meridiano de
Greenwich.
Miguel
Torga, “Diário I”, pág. 100, 1941, Coimbra.
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