“No final do século as pessoas queriam manter-se jovens e dinâmicas mas também ser política e sexualmente correctas ao mesmo tempo o que significava não seduzir mulheres nem sorrir para elas de uma forma lúbrica nem coisa que o valesse nem contar piadas de Judeus e de Alemães e de homossexuais. E algumas mulheres apresentavam queixa contra os seus superiores por estes terem tido uma conversa de conotações eróticas ou lhes terem proposto levarem-nas a casa e no acto terem feito uma cara moralmente dúbia e em 1997 um advogado americano teve de pagar quatro milhões de dólares à secretária por lhe ter despejado no decote uma mão-cheia de bombons de chocolate. E em 1998 alguns americanos quiseram destituir o seu presidente que mantinha relações pouco correctas com uma estagiária e lhe apalpava os seios e lhe enfiava charutos cubanos na vagina e ela fazia-lhe sexo oral por exemplo quando ele estava ao telefone com um representante governamental e os Americanos entretanto bombardeavam o Iraque e os Iraquianos diziam que era para desviar as atenções do comportamento sexual pouco correcto do seu presidente.”
Patrik
Ouředník,
“Europeana – uma breve história do século XX”, pág. 97,
Antígona Editores Refractários, Lisboa, 2017.
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