“Os nazis inventaram as câmaras de gás e o Zyklon B como forma rápida e barata de matar uma grande quantidade de gente para salvar a raça ariana da degeneração. Os nazis julgavam que a raça ariana era de todas a melhor e que eles eram a melhor de todas as nações arianas porque sabiam fazer a guerra e o comércio e organizar convívios populares. (…) E das pessoas asfixiadas arrancavam os dentes de ouro e esfolavam algumas delas para com a pele fabricarem abajures para oficiais superiores e importantes agentes políticos. E antes de as enviarem para as câmaras de gás rapavam-lhes o cabelo que depois era aproveitado para rechear colchões ou fabricar perucas para bonecas. E os cientistas inventaram uma forma de com a gordura das pessoas asfixiadas se fabricar sabão para os soldados alemães. A cinco quilos de gordura acrescentavam-se dez litros de água e um quilo de soda cáustica a mistura era fervida numa caldeira durante três horas juntava-se uma pitada de sal levantava-se fervura e deixava-se arrefecer até formar uma crosta que era retirada cortada aos bocados e levada ao lume de novo e antes de arrefecer juntava-se um líquido especial para que o sabão não cheirasse mal. Em Gdansk um soldado alemão enlouqueceu porque antes da guerra tinha tido uma amante que não soubera que era judia e que depois fora levada para Auschwitz e os amigos lhe tinham dito a brincar que esse sabão com que já havia uma semana que se ensaboava era feito dessa amante que o sabiam pelo director da morgue de Gdansk para onde eram levados os cadáveres para deles se fazer sabão. Quanto ao soldado em seguida tiveram de o levar para um manicómio na Alemanha.”
Patrik
Ouředník,
“Europeana – uma breve história do século XX”, pp. 33-34,
Antígona Editores Refractários, Lisboa, 2017.
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