MEU
ILUSTRE AMIGO:
Venho
responder conformadamente à segunda rajada sentimental, romanesca,
dêsse tirânico Sebastianismo a que sacrificou o seu intelecto. A
sua réplica é (como não podia deixar de ser) um escuro labirinto
confusíssimo das mais ilógicas alegações, de palavras indefinidas
e de frases sem sentido. O estado de espírito em que se acha agora
torna-o sensível às sugestões de inteligências inferiores; e o
Sebastianismo, apanhando-o enfermo, trouxe ao seu espírito a
escuridão. Falo-lhe, portanto, como a um doente passageiro, que
tenho a certeza que se curará. O verdadeiro Malheiro Dias – o não
antero-de-figueiredista, – há de um dia reaparecer, para triunfo
(e alegria) de amigos sinceros e leais, Pudesse eu, na minha
modéstia, ver a justa recompensa de o ajudar a ressurgir!
E
vamos lá.
Recordemos,
para clarezas, como se originou esta questão.
Pediu-me Raúl Proença, um dia, uma pequena introdução histórica
para o seu Guia de Portugal. Comecei por me escusar a favor de
pessoa mais idónea, mal pensando que o meu escrito se tornaria tão
famoso. Mas êle insistiu, e obedeci.
António
Sérgio.
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