20/05/2018

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Lorvão, 20 de Maio de 1944 Como tudo se desatualiza, perde o sentido, se torna anacrónico e monstruoso! Na Idade Média, e mesmo depois, casarões destes, grades destas, ermos destes, eram moradas, atributos e lugares de salvação. A tísica e a brancura de uma monja significavam estigmas de santidade e de triunfo, e a história, a filosofia e a moral só tinham que partir daí para explicar, justificar e louvar. Hoje, cada ser humano enclausurado nestas celas gradeadas, a pagar renda ao Estado, é um condenado à morte por uma sociedade reles, que não pode encontrar em nenhuma consciência ou tribunal um sentimento de defesa.

Miguel Torga, “Diário III”, pág. 51, 1954, Coimbra.

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