"Coimbra,
17 de Abril de 1943 – E agora queria dizer-lhe uma coisa…
–
Faça favor.
E
lá contou que há dois anos, numas termas sulfurosas, encontrara um
sujeito de Lisboa que lhe falara com muito entusiasmo dos meus
livros.
–
Sim, senhor. Isso é curioso…
E
fiquei-me a pensar para dentro que os escritores em Portugal são
como as raparigas feias nos bailes: passam a noite a sonhar com os
mil admiradores que poderiam ter, e a contar pelos dedos os heróis
que na realidade as tiram para dançar."
Miguel
Torga, “Diário II”, pág. 171, Coimbra.
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