“Coimbra, 26
de Maio de 1942 – Mais um livro. Mais uma tonelada de energia
perdida, que, gasta na minha terra a saibrar monte, dava pelo menos
um milheiro de bacelo planteado. Mas pobre de quem tem uma chaga!
Pobre de quem tem a mísera condenação de ser poeta, e de o ser
aqui…”
Miguel
Torga, “Diário
II” 3ª ed. Revista, pág. 35, Coimbra Editora, 1960.
“Coimbra,
27 de Maio de 1942 – Lá foi o livro para as quatro ou cinco
pessoas a quem ainda, por amizade melancólica, ofereço as minhas
coisas, sem a esperança duma linha sequer a dizer – cá recebi. Se
eu lhes enviasse salpicões ou perdizes, era um caso – vinha uma
carta a correr; mas mando versos… De resto, tanto me faz, como me
fez. Com quem eu e todos os que escrevem temos de as jogar não é
com a inveja ou com a indiferença dos do nosso tempo. É com uns
implacáveis mas impessoais senhores do futuro, que dizem sim ou não
sobre uma obra, tanto lhes dando que o autor tivesse em vida lâmpadas
acesas em Meca como círios apagados em Jerusalém.”
Miguel
Torga, “Diário
II” 3ª ed. Revista, pp. 35-36, Coimbra Editora, 1960.
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