16/02/2017

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“...fizeram sobre mim um caminho...
...era-lhes tão fácil maltratarem-me que nem precisavam de ajuda.
...mas agora a minha alma derrama-se sobre mim, e o tempo mísero apossou-se de mim.
Os meus ossos são verrumados à noite; e os que me perseguem não se vão deitar.
Pelo tamanho da força sou eu vestido sempre de novo; e cingem-me com ela como com a abertura do meu vestido.
As minhas entranhas fervem sem cessar, atacou-me o tempo mísero...
A minha harpa fez-se queixume, e a minha flauta pranto.”

Rainer Maria Rilke, “Os Cadernos de Malte Laurids Brigge”, pág. 54, Ed. Instituto Alemão da Universidade de Coimbra, 1954. Trad. Paulo Quintela.

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