Vitor Silva Tavares |
A infância que
inventei
o outro que me fingi
mais tudo quanto
fugi
pra chegar onde
cheguei.
O pavor que até
comi,
a paixão que até
esgotei
e mais tudo quanto
sei
ser estafado alibi.
A palavra que jurei
e que gerada omiti
escondendo o que não
escondi
do sonho que nem
sonhei.
A morte em que
descobri
o espelho em que a
desnudei,
a loucura que
augurei
feliz e não cumpri.
A hora que
assassinei,
o filho que não
escrevi
mais o livro que não
li
da árvore que
ignorei.
Vitor
Silva Tavares, “Púsias”, pág. 6, Ed. 50Kg, 2015, Porto.
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